O trabalho propõe uma atuação do arquiteto e urbanista como assessor técnico nas comunidades brasileiras, utilizando a arquitetura e o urbanismo como ferramentas de transformação social. A proposta segue uma metodologia própria de intervenção que abrange duas escalas de atuação: a macro, com diretrizes urbanísticas de mobilidade e uso para o bairro Pinheiro Machado, em Santa Maria, e a micro, que foca na requalificação urbanística e paisagística da Vila Resistência, uma comunidade no centro do bairro, que luta diariamente pelo direito à moradia.
A metodologia adotada busca integrar essas duas escalas de forma simultânea, entendendo que as diretrizes macro e micro estão profundamente interconectadas e compartilham aspectos comuns, tanto no diagnóstico quanto nas soluções propostas. A proposta se diferencia ao respeitar o território já consolidado, evitando a tradicional abordagem urbanística que ignora as reais necessidades da comunidade e trata a informalidade como algo negativo. Em vez disso, busca-se uma compreensão mais profunda do espaço como um ambiente vivo e dinâmico, que precisa de soluções que dialoguem com a sua realidade.
A proposta para a Vila Resistência foi estruturada em três etapas principais para garantir a viabilidade e sustentabilidade do projeto. A primeira etapa, emergencial, trata da infraestrutura urbana, como forma de proporcionar dignidade aos moradores. A segunda etapa, intermediária, envolve a regularização fundiária e a implementação de legislações que promovam justiça social. A última etapa, de requalificação, foca nas áreas de educação, cultura e lazer, com o objetivo de promover a equidade e melhorar a qualidade de vida da comunidade. A proposta visa não apenas resolver questões estruturais e jurídicas, mas também criar um ambiente mais inclusivo e sustentável para os moradores da Vila Resistência.
O direito ao assessoramento técnico para garantir o direito à moradia digna está previsto na legislação de ATHIS, e é responsabilidade de todos buscar meios e estratégias para fortalecer essa prática como uma profissão essencial do arquiteto, urbanista e paisagista. Segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha de 2022, 82% das moradias no Brasil são construídas sem a assistência de arquitetos ou engenheiros, o que evidencia a necessidade de ampliar a atuação desses profissionais para além dos 18% das construções que contam com seu apoio. A transformação do espaço urbano deve, portanto, ser uma ferramenta de inclusão e emancipação social, onde o trabalho do arquiteto se coloca como uma ponte entre o técnico e o humano.
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