O surgimento das associações de veranistas no Rio Grande do Sul, na década de 1930, está intimamente ligado ao início da cultura das férias de verão e à prática de possuir segundas residências nas praias. Nesse período, as cidades litorâneas começaram a atrair um número crescente de pessoas que buscavam refúgio do ambiente urbano, aproveitando o litoral como espaço de descanso e lazer. As associações de veranistas surgiram como uma resposta a essa nova realidade, oferecendo infraestrutura, serviços e atividades voltadas para a convivência e o entretenimento dos frequentadores.
Essas associações possuíam sedes bem estruturadas, com espaços para a prática de esportes, atividades sociais e eventos culturais. Esses ambientes promoviam um forte senso de comunidade entre os veranistas, consolidando as praias não apenas como destinos de férias, mas também como centros de interação social. A Sociedade dos Amigos da Praia de Torres (SAPT) é um exemplo emblemático desse movimento, tendo desempenhado ao longo das décadas um papel central no fortalecimento do turismo e na organização das atividades recreativas em Torres, uma das cidades litorâneas mais icônicas do estado.
No entanto, com o passar do tempo, mudanças urbanas, econômicas e socioculturais alteraram a dinâmica dessas associações. A partir dos anos 2000, muitos desses espaços começaram a perder relevância, enfrentando dificuldades para atrair novos públicos e se adaptar às demandas da sociedade contemporânea. Algumas associações foram desativadas, enquanto outras continuam lutando para manter sua importância histórica e funcional. A SAPT, embora ainda atue como um marco na cidade de Torres, enfrenta a necessidade urgente de revitalização de sua sede histórica, o Edifício Amigos de Torres.
Este edifício, que já foi um dos maiores pontos de referência turística e cultural do Brasil, hoje carece de intervenções para recuperar sua relevância. A proposta de revitalização do espaço busca não apenas preservar seu valor histórico e arquitetônico, mas também resgatar sua importância como símbolo da comunidade local. Entre as principais intervenções previstas está a recuperação do auditório, atualmente em desuso. O espaço será transformado em um ambiente funcional para eventos e apresentações, incentivando a cultura e a interação comunitária.
O projeto de revitalização também inclui a criação de um anexo superior, destinado a novos quartos de hotel, ampliando a capacidade de hospedagem e estimulando o turismo na região. Outra intervenção significativa será a construção de um anexo cultural no pátio central do edifício, com o objetivo de conectar a comunidade à história da SAPT. Esse novo espaço funcionará como um centro cultural, celebrando a memória do local e permitindo que as novas gerações compreendam a importância histórica da associação.
Com essas ações, o projeto de revitalização busca transformar a SAPT em um espaço vibrante e multifuncional, unindo passado e futuro. A iniciativa pretende não apenas preservar o patrimônio material e imaterial da sociedade, mas também reforçar o papel de Torres como um dos destinos turísticos mais importantes do país, promovendo o desenvolvimento cultural, social e econômico da região.
Memórias e Futuro: Revitalização da Antiga Sede da SAPT em Torres/RS
Autor:
Vitoria Alice Barth Padilha
Orientador:
Marta Volkmer
Instituição:
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Torres
Data:
2023-1
Categoria:
Categoria Arquitetura - Edificações
Deixe seu comentário