REVITALIZAÇÃO ENXAIMEL
UM NOVO ESPAÇO GASTRONÔMICO EM LINDOLFO COLLOR

O tema do presente trabalho é revitalizar uma propriedade no município de Lindolfo Collor,
dando novo uso a duas antigas edificações enxaimel, propondo um restaurante slow food com
o objetivo de reviver a agricultura familiar local e sua cultura, incentivando assim o turismo
pouco explorado na região.
Situado no berço da colonização alemã do Rio Grande do Sul, o município de Lindolfo Collor
possui um rico acervo arquitetônico de origem germânica deixado por imigrantes do século
XIX, onde estes buscavam o sustento na agricultura familiar. A partir de 1980, com a
ascendência da indústria coureiro calçadista na região, estas famílias passaram a buscar fonte
de renda nestas fábricas que surgiam em ritmos galopantes. Com o passar dos anos, a
agricultura familiar tem sido retraída cada vez mais, assim como os valores culturais trazidos
pelos ancestrais que instalaram nos morros e várzeas seu estilo de vida. A paisagem cultural
rural de Lindolfo Collor permanece viva – porém ofuscada – em dezenas de propriedades.
Nas últimas décadas, a população mundial adotou um ritmo frenético em seu cotidiano.
Corroborando com este cenário, o comércio e a indústria logo tomaram frente na forma de
produção e fornecimento dos alimentos, originando uma lacuna entre produtor e consumidor
final. Concomitante a estas circunstâncias, a praticidade e comodidade gerada no ato de se
alimentar geram relações sociais rasas e produtos cada vez mais artificiais.
Em 1986, no centro histórico de Roma – Itália, surge a primeira loja de fast food do
mundo. Imediatamente, o então jornalista Carlo Petrini liderou um protesto contrariando a
proposta conceitual da marca. Os manifestantes distribuíram aos pedestres tigelas de massa
penne, prato característico na mesa italiana, em oposição ao vazio alimentar que a nova
hamburgueria oferecia. Nos anos seguintes, o movimento nomeado Slow food tomou
proporções cada vez maiores, até que em 1989 formalizou-se como associação internacional.
O movimento preza valorizar a cultura e tradições locais, reconhecendo a pluralidade
alimentar, os saberes e as pessoas. Com o lema de “alimento bom, limpo e justo para todos”, o
movimento busca caminhos para combater a desigualdade que aflora em prol do
desenvolvimento, engajando e protegendo a diversidade étnica.
Com esses valores, é lançado a proposta do novo restaurante em Lindolfo Collor. Além de
preservar viva a culinária de origem alemã da região, o empreendimento terá o importante
papel de fortalecer a agricultura familiar local. Com este espaço, será viável implementar estes
produtos gerados no cardápio e ainda comercializa-los para os visitantes, gerando renda e
fortalecendo a economia. O projeto propõe o restauro de uma edificação enxaimel, que
abrigará uma mercearia, a preservação e reforços em uma segunda casa enxaimel, que
abrigará um espaço de refeições ao céu aberto, e uma nova edificação que será destinada a
um restaurante.