REABILITAÇÃO E VALORIZAÇÃO URBANA DA ZONA PORTUÁRIA DE PELOTAS: DA ESCALA HUMANA À MACROESCALA



A Zona Portuária de Pelotas possui uma grande importância para a história e evolução
da cidade, marcada inicialmente pelo forte processo de industrialização, através da indústria
do charque, no final do século XIX. Processo este, que formou um expressivo patrimônio
arquitetônico na cidade e que se faz presente também na região do Porto.
Com o passar do tempo, o Porto foi perdendo suas atividades, com muitas indústrias
se deslocando para o norte da cidade. A zona portuária, mesmo com sua riqueza patrimonial,
arquitetônica, urbana e cultural, foi sendo segregada do centro da cidade, além de a
população perder o contato com o Canal São Gonçalo.
Nos últimos anos, o Porto ganha novas perspectivas de movimentação, através da
inserção dos campus universitários da Universidade Federal de Pelotas, além de receber
novas atividades portuárias. Movimentações estas, que reativam o cotidiano da população e
da comunidade, e ainda possibilitando novas qualificações na área e a retomada do acesso
qualificado ao Canal São Gonçalo.
Mesmo com estes novos usos e novas perspectivas, a zona portuária ainda não
possui um planejamento adequado, levando em conta as diferentes atividades realizadas na
região. Este planejamento será apontado em macroescala e na mesoescala, de modo que a
região tenha direcionamentos para futuras intervenções que respeite os seus usos e história,
além da devida inserção da microescala na Zona Portuária. Microescala representada pela
área do Quadrado e Doquinhas, que também fazem parte da história do Porto e cidade,
possuindo um grande potencial contemplativo, cultural, social e que possibilita o acesso ao
Canal São Gonçalo qualificado as pessoas.
O projeto tem como objetivo principal proporcionar espaços de lazer de qualidade
para a cidade de Pelotas e aos moradores da região portuária. Com a premissa de respeito à
história local, cultura, trabalho e os usos atuais da região, sempre com o foco nas pessoas,
nos habitantes, estudantes e visitantes. Ainda possui a proposta de reassentamento de
famílias em situação de vulnerabilidade com relação a enchentes do Canal São Gonçalo.
Como já citado, a importância histórica do Porto para a cidade de Pelotas é uma das
justificativas para a presente proposta. Além disso, também são justificativas a importância
das águas para a cidade, o reconhecimento cultural e a caracterização ambiental da área,
ações e projetos culturais existentes, além da necessidade de preservação e planejamento
que respeite todos os usos atuais e sua história.
Como forma de melhor aproveitamento dos espaços, o foco central deve ser as
pessoas. O projeto conceitua-se a partir destas premissas. A escala humana, suas
necessidades, desejos, culturas, promovendo assim, o sentimento de pertencimento e
identidade com o local e proporcionando novas experiências, interações, conexões, bem
estar e qualidade de vida. Jan Gehl, arquiteto, urbanista, professor e escritor do livro Cidade
Para Pessoas, identifica doze critérios de qualidade, para um melhor e mais funcional
espaço urbano, com respeito à paisagem do pedestre e que será abordado neste projeto. Os
doze critérios serão destacados na primeira prancha.

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