A Pousada do Salto é a proposta de um refúgio hoteleiro baseado nos princípios do ecoturismo na região do Salto Ventoso, um dos principais atrativos da cidade de Farroupilha. Com o objetivo de fomentar o turismo local para incentivar o desenvolvimento econômico respeitando e preservando o patrimônio natural. O terreno escolhido fica numa área de relevante valor histórico, cultural e paisagístico, está inserido no Roteiro Histórias e Memórias, e o entorno já oferece atividades do ecoturismo. O equipamento atenderia um público existente e com potencial de expansão.
Buscou-se a criação de uma tipologia que priorizasse o contato com a natureza através da predominância horizontal das edificações e pelo organograma distribuído em meio a vegetação; que impactasse o mínimo possível no perfil natural do terreno separando os usos em blocos e elevando as cabanas do solo; que promovesse experiências e conexões das pessoas com a natureza e da edificação ao meio inserido; e que abrangesse os princípios da arquitetura sustentável e passiva, utilizando de materiais naturais e locais e sistemas modulares secos, além de aproveitar ao máximo a iluminação e ventilação natural. O desnível do lote favoreceu a implantação sem criação de barreiras visuais. O bloco da recepção que reúne as atividades de serviço, foi posicionado no topo do terreno para facilitar o acesso e conta com uma grande abertura para visualização da paisagem logo na chegada, para as áreas sociais como o restaurante e o lounge bar com piscina, foi criado um patamar intermediário. As cabanas foram dispostas ao longo do terreno e dois eixos de circulação tornam todos os espaços acessíveis, ao fim de cada eixo há um mirante que retoma os conceitos e atividades do ecoturismo.
As cabanas possuem dois tamanhos para atender casais e pequenas famílias, contam com aberturas a leste, oeste e norte, favorecendo o conforto e o desempenho da edificação. Dispõem de lareira, ventilador e aquecimento solar da água. Para auxiliar na privacidade, foram utilizadas esquadrias camarão e madeira ripada com o intuito de barrar a visão de quem passa pelos caminhos, outro recurso utilizado é a vegetação mais alta e densa onde é necessário maior privacidade e mais baixa onde o intuito é a apreciação das visuais. A materialidade foi pensada para atender ao conforto, oferecer maior humanização e aconchego aos ambientes, os materiais naturais como a madeira e a pedra trazem sensação de bem-estar e garantem a sustentabilidade dos espaços.
Ao longo do terreno também foram distribuídos espaços de lazer com atrativos para desfrutar do contorno orgânico. O projeto conta com uma piscina biológica, que dispensa o uso de químicos para o tratamento da água, espaço para picnic, estar com lareiras e balanços, parquinho infantil e mirantes que valorizam as visuais da cascata e da montanha. A grande diversidade de flora e de elementos naturais no terreno permitiu que o paisagismo fosse uma extensão das linhas orgânicas existentes. As vegetações inseridas contribuíram para o controle da privacidade onde era necessário e serviu de composição da paisagem dos locais de contemplação.