Centro da Juventude

O Centro da Juventude (CJ) faz parte de um programa social do governo do estado do Rio Grande do Sul que visa atender jovens de 15 a 24 anos. A proposta é uma unidade que atue como centro de referência e apoio para eventos. O programa está inserido na região central de Porto Alegre – mais especificamente em um lote de geometria peculiar que faz ligação entre conhecidas avenidas da capital gaúcha: Alberto Bins e Independência. O local possui 10 metros de desnível entre suas fachadas limítrofes e é resultado da união de diferentes matrículas, sendo a principal delas um miolo de quarteirão – onde hoje há um estacionamento a céu aberto. O local é um importante ponto de localização: próximo a terminais de ônibus urbanos e interurbanos, pode ser facilmente encontrado em eventos, como o social do POD (Programa de Oportunidades e Direitos) – que ocorre anualmente e reúne aproximadamente 300 jovens dos seis centros da juventude já implantados no estado. O miolo de quarteirão (Rua da Conceição, 510) não possui relação direta com outros prédios, já que fica voltado para o Túnel da Conceição, e está em um passeio urbano pouco utilizado por ser tido como inseguro. Sendo assim, com o alto fluxo de carros, a ocupação de apenas um lado da via e a falta de atividades, essa área – caracterizada pela escadaria da Rua da Conceição – não é um lugar comum de passagem.
A volumetria básica do projeto é composta por dois blocos independentes, mas unidos visualmente por uma lâmina. Sobre esses blocos, diversos fatores locais e programáticos exercem influência. Entre eles está uma grande árvore preexistente que fica no centro da trama: um recorte no volume foi gerado para que ela pudesse ser mantida e, ao mesmo tempo, seguisse uma direcional do passeio público, relacionando-o com a proposta. A intervenção urbana proposta na via pública, em conjunto com o prédio edificado do CJ, é uma forma de criar uma comunicação entre o equipamento e a cidade, visando uma interação entre o usuário e o espaço. A intenção é traduzir, em termos arquitetônicos, a sensação de hospitalidade, como um espaço que direciona e recebe o público.
Para interagir eficientemente com a cidade, o prédio cria um limite muito discreto entre o espaço público, formado pela calçada e pela rua, e o espaço privado. Dessa forma, as atividades desenvolvidas no CJ podem ser vistas e acompanhadas pela comunidade. Além da área pública que marca o acesso principal pela Rua da Conceição, outra praça marca o acesso secundário através de uma passagem pela Av. Independência. Ambas as praças são conectadas através do edifício por uma rampa interna, que garante a acessibilidade pelo trajeto. As entidades programáticas estruturais são: auditório, salas de apoio social e psicológico, salas de oficinas, terraço coberto e refeitório. Com todas essas ponderações, o projeto caracteriza-se como um protótipo de CJ para a contemporaneidade, reestruturando as relações interpessoais e urbanas.

Parecer do júri

O terceiro destaque, código PAV063, acerta ao costurar áreas degradadas da cidade revertendo lógicas espaciais do lugar: rompe com o quarteirão tradicional oferecendo-se como um percurso. É muito sensível ao lidar com as diferentes frentes de interação com o tecido urbano e o faz com uma arquitetura segura e elegante.

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