Quilombo do Areal, (re)ssignificação de um lugar vívido

O presente trabalho apresenta o desenvolvimento de uma proposta urbana e
intervenções arquitetônicas no quilombo do Areal, uma comunidade histórica em um
bairro central de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
A proposta é dívida em 3 etapas, onde a primeira buscar criar uma nova
conexão da comunidade com a capital, a segunda busca reorganizar a condição
interna da comunidade, a fim de criar novos pontos de convívio e qualidade de vida,
e a terceira busca requalificar as edificações históricas que marcam o acesso
principal do quilombo.
O objetivo da conclusão deste trabalho busca reafirmar a presença dessa
comunidade na construção da cidade, como símbolo de memória e resistência da
população afrodescendente de Porto Alegre, que busca diariamente visibilidade
espacial, social e respeito em um cenário sócio-político desfavorável.
Evolução urbana do Areal da Baronesa
1888: Em 1879, após a morte do Barão, a Baronesa do Gravataí solicitou à Câmara
Municipal o loteamento de suas terras. O Areal passou a ser habitado por famílias
de origem italianas e por negros libertos.
1896: O loteamento da área já é iniciado e várias vias já são visíveis. As ruas Cel.
Bello, Barão do Gravataí e Baronesa do Gravataí, que demarcam o quilombo do
Areal, ainda existem.
1916: As primeiras intervenções urbanas no riacho formando a Ilhota, marcado com
a letra “i” (primeira grande favela de Porto Alegre e primeira morada de Lupicínio
Rodrigues).
1939: Início do processo de canalização do riacho, modificando a morfologia do
bairro. O riacho retificado deu origem à Av. Ipiranga, inaugurada em meados de
1960, quando uma grande área foi desapropriada. Sua população foi transferida
para o bairro Restinga, durante um plano de urbanização chamado Projeto
Renascença, financiado pelo BNH (Banco Nacional de Habitação) através do projeto
CURA (Comunidade Urbana de Recuperação Acelerada).
2010: Configuração atual da área.
Intervenções
Etapa 1: reconexão do Areal com a Cidade Baixa
Através da utilização de espaços subutilizados na área, para utilidade pública, a fim
de priorizar pessoas e estimular o interesse pela região. Neles são inseridas
instalações que simbolizem a contribuição africana na construção da cidade, para
visibilizar a comunidade quilombola e sua cultura no espaço urbano.
Etapa 2: reorganização da área do quilombo do areal
Para possibilitar permeabilidade física do local, a fim de criar pontos de interesse e
espaços abertos dentro da comunidade, a organização dos espaços da sede do
Areal do Futuro, criação de programas educacionais, de lazer e geradores de renda,
reconstrução e assistência técnica para habitações em situações precárias.
Etapa 3: requalificação dos casarões
Seis famílias habitam a edificação maior, então a etapa três busca readequar as
habitações existentes, e a realocação de uma parte da sede do Areal do Futuro a fim
de viabilizar a produção musical da banda para a rua e junto a criação de um
“boteco”, como gerador de renda e equipamento de apoio para as apresentações
das bandas do bloco de carnaval, bem como festas organizadas pelos moradores da
comunidade.

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