PARKing – compartilhar o centro

O projeto surge a partir do desejo de abordar programas e atividades voltadas para o uso em detrimento da posse, temática que vem crescendo com o avanço do movimento maker e da cultura do faça você mesmo, valorizando a experiência no lugar do consumo, minimalismo e estilos de vida sustentáveis.

A partir deste desejo, a reforma se apresenta como uma ideia alinhada a estes conceitos, utilizando uma estrutura já existente, conectada a infraestrutura urbana, subutilizada e que tem qualidades morfológicas e arquitetônicas.

O centro de Porto Alegre se torna o local ideal para receber este programa e a reforma, principalmente a região da Avenida Mauá devido a 3 pontos:
1. A avenida é uma área consolidada da cidade, de fácil acesso e com grande circulação de pessoas – atraindo usuários à edificação;
2. A vista do Guaíba não é aproveitada em um dos seus pontos mais francos, mesmo sendo ofertada como um grande diferencial em outros pontos da cidade;
3. O Cais Mauá está sendo reformado, valorizando e transformando a região. Além da barreira física do muro, o outro lado da avenida também representa uma barreira, pois não há atrativos para pedestres e nenhum conforto urbano.

Os edifícios garagem se apresentam como uma boa opção para receber a reforma, devido à abundância desta tipologia na região – existem 8 estacionamentos nas proximidades. As garagens também já vêm sofrendo com perdas no faturamento e precisam ter seus futuros repensados.

Além disso, busca-se incluir o uso residencial. O centro da cidade, principalmente na região próxima ao Mercado Público, apesar de ser uma área extremamente diversa, não tem residentes e se torna árido fora do horário comercial e finais de semana. O uso residencial também cumpriria a função de viabilizar todo o restante do projeto.

A edificação escolhida é o edifício das antigas lojas Broomberg, atual Garagem Paineira, localizado entre a Avenida Mauá, Rua Siqueira Campos e Travessa Leonardo Truda. A escolha se dá pelas qualidades arquitetônicas da edificação, que por seu histórico já tem melhores condições de ventilação que uma garagem normal e a rampa da edificação apresenta um valor arquitetônico considerável.

O edifício foi concebido nos anos 50 como uma loja de departamentos e uma revenda de carros, motivo que levou a construção da rampa. Nos anos 70, a loja fechou e se tornou um estacionamento.

O programa elaborado na edificação se divide em 3 partes: pública, compartilhada e semiprivada.

As áreas públicas e compartilhadas se concentram na edificação existente, onde são criados rasgos para melhorar a espacialidade existente. A rampa existente ganha grande importância, se tornando o ponto focal de todo o projeto e encaminhando os visitantes para um terraço e um mirante com vista para a orla, projetado a partir do prolongamento da rampa.

A área semiprivada é localizada na edificação anexa proposta na cobertura da edificação. Esta área abrange o uso residencial, misturando diferentes tipologias – tradicionais e compartilhadas – e, consequentemente, diferentes públicos; a nova edificação também cria uma fachada para o terraço.

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