Complexo Umbandista Cabocla Jurema, localizado na cidade de Gravataí, no
Rio Grande Do Sul, surge de uma necessidade de ambientes para a realização
de rituais e cerimônias da umbanda, em contato com a natureza, e da grande
quantidade de umbandistas na região metropolitana de Porto Alegre. Com isso, o
Complexo busca atender as demandas físicas e espirituais dos praticantes da
religião que moram na área de abrangência. Vale destacar que todos os estudos
realizados para o embasamento teórico da proposta foram realizados tendo como
ênfase a vertente da Umbanda conhecida como Umbanda Esotérica. A ideia central
da proposta é enfatizar a relação da natureza com a religião e seus praticantes,
de modo a possibilitar a realização de rituais e cerimônias em contato com o
elemento natural. Dessa forma, a alocação dos ambientes e percursos foi pensada
para criar recantos de descobrimento e a imersão do usuário nos elementos
naturais e na energia sagrada presente na natureza. Dito isto, todos os caminhos
permeiam a vegetação existente e requalificada e distribuem os edifícios e
jardins nas clareiras preexistentes, de modo a diminuir o impacto do projeto,
tirando partido dos elementos existentes e respeitando a natureza. Além disso, a
distribuição busca criar uma lógica de utilização e necessidades técnicas para
o projeto, alocando os estacionamentos e a recepção próximos à entrada do
complexo, pela facilidade de acesso e manutenção. Os jardins dos orixás ficam
na parte central, por serem esses os responsáveis pela ligação energética do
complexo com o campo espiritual, distribuindo a energia para o todo. O terreiro fica
após isso, porém com um acesso exclusivo para carga e descarga e
emergências, será nesse prédio que as cerimônias em maior escala serão
realizadas. O percurso de sensibilização tem como intuito criar um caminho de
introspecção para os usuários após a finalização e/ou realocação dos rituais para o
lugar de realização de entrega de oferendas, o local mais imerso e conectado
com a natureza. Por fim, o caminho de retorno, que fecha o ciclo de rituais e
cerimônias dentro do complexo, possui um percurso que ascende pela copa
das árvores até o mirante e depois volta ao nível do solo até o encontro com o
prédio da recepção, finalizando o ciclo de rituais dentro do complexo.