O projeto propõe a valorização de uma área em situação de vulnerabilidade social, através
da revitalização dos espaços urbanos. A proposta busca diminuir a criminalidade e o
abandono por meio de soluções urbanísticas viáveis e que tenham como foco principal as
necessidades dos moradores locais e do entorno imediato, incentivando a apropriação do
espaço público para assim gerar um local mais seguro e com maior qualidade de vida.
A ocupação da área foi iniciada em 1978 quando a Prefeitura Municipal realizou um
parcelamento de solo na região, a fim de realocar uma população ribeirinha que ficou
desabrigada após uma enchente no ano de 1977. Assim, progressivamente o local passou
a receber a população de baixa renda e sem moradia da cidade, sem que houvesse a
preocupação de investimentos em infraestrutura que garantisse as condições dignas de
moradia para as pessoas que passaram a habitar neste espaço. Foi também durante as
décadas de 1970 e 1980 que ocorreu a implantação de conjuntos habitacionais na cidade,
no qual está inclusa a Cohab Pestano.
Para a concepção do projeto foi feita uma análise do espaço em Macroescala formado
pelas áreas da Cohab Pestano, Pestano e Getúlio Vargas, Mesoescala onde o foco é a
Cohab Pestano e Microescala que abrange o aprofundamento da proposta, através da
criação de um Parque Linear formado por sete praças públicas, com espaços de
contemplação, playgrounds, academia ao ar livre, áreas de esportes e naturalização do
canal de drenagem.
O conceito que norteia este projeto de intervenção é baseado nos estudos de Jan Gehl
sobre calçadas ativas e Jane Jacobs sobre olhos nas ruas, chegando à definição de
LocomoVER. O objetivo é proporcionar um bairro mais seguro, inclusivo, igualitário e
saudável, através de uma rede de espaços públicos atrativos que estimulem a apropriação
por parte das pessoas, tanto por meio da locomoção como da permanência. Gerando
assim um espaço urbano mais humanizado, onde o foco é ver e ser visto, permanecer mas
também transitar, mas fundamentalmente ocupar.
Para atingir este ideal, o planejamento e o desenho urbano priorizam estratégias que
oferecem boas experiências para os cidadãos, pois estes devem ser os protagonistas da
complexa rede que formam as cidades. Historicamente o espaço urbano é desenvolvido a
partir de conceitos técnicos e construtivos que ignoram aqueles que usufruem e transitam
nesses locais, mas é importante salientar a importância e os benefícios de se pensar o
urbano para o humano. Segundo JACOBS, para que o espaço urbano seja próspero é
necessário que as pessoas se sintam seguras e protegidas nas ruas, lugar de convívio com
inúmeras pessoas desconhecidas. E para tal, é necessário mais do que a ação policial, é
preciso que se crie “uma rede intrincada, quase inconsciente, de controles e padrões de
comportamento espontâneos presentes em meio ao próprio povo e por ele aplicados”. Ou
seja, Jacobs propõe que devem haver pessoas suficientes nas ruas, de tal forma que estas
realizem a vigilância natural dos espaços públicos e consequentemente contribuam para a
diminuição da violência enquanto transitam nesses locais.
INTERVENÇÃO URBANA NO ENTORNO DA COHAB PESTANO – PELOTAS/RS
Autor:
Jéssica Tessmer
Orientador:
Fernanda Tomiello
Instituição:
Universidade Católica de Pelotas - UCPEL
Data:
2021-2
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