HABITAÇÃO SOCIAL COOPERATIVA HENRI LEFEBVRE E DIREITO À CIDADE NO CENTRO DE BENTO GONÇALVES – RS

HABITAÇÃO COOPERATIVA HENRI LEFEBVRE E DIREITO À CIDADE NO CENTRO DE BENTO GONÇALVES – RS

A justificativa do projeto é, analisando a realidade, sua urgência. A tendência da urbanização observada dentro do planejamento urbano atual de cidades metropolitanas, uma expansão urbana com novos loteamentos, especulação da renda fundiária como efeito do surgimento da infraestrutura com essa expansão com custos sociais altíssimos, o surgimento de condomínios privados autoexcluídos e a sensação crescente de insegurança quanto ao crescimento da criminalidade e tráfico de drogas.

Com essa tendência de “suburbanização”, a área central da cidade deixa de ser palco de participação efetiva da população e se torna apenas centro comercial, com pouca participação dos moradores atuais fora da lógica de consumo de mercadorias, ou centro museificado, completamente direcionado à turistas esporádicos. Este processo vem sendo repetido em uma cidade como Bento Gonçalves, o que torna a apresentação e formulação de modos alternativos de produção do espaço em que se vive uma questão candente.

Destes questionamentos e apontamentos, surgem processos diferentes do modelo neoliberal atual, como o método de autogestão baseado no cooperativismo habitacional de ajuda mútua. Com experiências que possuem suas raízes na Europa do séc. XIX, passando por sua latinização pelo Uruguai na metade do século XX que geram expressões como os mutirões realizados no estado de São Paulo também a partir da metade do século XX, até os dias atuais.

O objetivo das cooperativas é a moradia com baixo custo e de alta qualidade, pois a mesma é produzida pelos próprios cooperativados sem o objetivo de lucro e com administração democrática da construção. Além de gerar um espírito comunitário mais consciente para as questões coletivas e sociais, o que se observa é uma alternativa tão eficiente quanto o modelo capitalista neoliberal.
Porém, alguns questionamentos surgem diante da análise do processo de implantação das cooperativas no espaço urbano. Observando a tendência de serem implantadas em locais deslocados, gerando assim a necessidade de implantação de infraestrutura prévia para a habitação como água, esgoto e luz, e a expansão contínua acrítica do processo de espraiamento das cidades e o abandono de suas áreas centrais, dando espaço à especulação do solo gerado pela falta de cobrança da aplicação da Função Social da Propriedade, conhecido também como Estatuto da Cidade, gera uma contradição que abarca o problema do Direito à Cidade: quem afinal deveria ter acesso à cidade?

Com essa pergunta surge a necessidade de respondê-la com uma possível implantação, localizada no centro da cidade de Bento Gonçalves, que gerará não só o que se espera da tecnocracia como eficiência de uso de espaço, mas conexão com o locus. Locus esse vivido e rico em experiências e histórias abarcados pela memória coletiva, que de fato vem sendo apagado com a falta de conexão entre habitantes do município e o centro em sua história. A ligação e o acesso aos espaços culturais e equipamentos urbanos existentes e a serem executados trará maior carinho, maior apreço e a vontade de dar continuidade à cidade como sua própria vida.

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