Estratégias de mitigação ao calor urbano: Um estudo sobre Porto Alegre

INTRODUÇÃO
Dentro de duas décadas, o planeta irá atingir ou exceder um aumento de 1.5ºC de temperatura global. As projeções futuras indicam um clima mais quente devido às mudanças climáticas e a processos regionais, como urbanização e desmatamento. Logo, a implementação das agendas de mitigação e adaptação aos impactos das Mudanças Climáticas são urgentes. O calor urbano é um desafio complexo que exige soluções transversais, o presente trabalho teve como objetivo investigar a vulnerabilidade a altas temperaturas na cidade de Porto Alegre e propor estratégias de mitigação ao calor extremo.
O trabalho propôs uma metodologia de investigação da vulnerabilidade ao calor, com a criação de um Índice de Vulnerabilidade ao Calor. A partir do diagnóstico da vulnerabilidade, foi proposto um plano com estratégias de mitigação na macro escala e demonstração das estratégias na microescala nas áreas críticas. Para analisar o impacto das estratégias de mitigação de calor nas áreas selecionadas, foram conduzidas simulações computacionais da temperatura radiante.
Ao incluir a variável climática, em especial ao calor, no processo de planejamento urbano, podemos reduzir o desconforto térmico, melhorar a qualidade de vida e contribuir para a resiliência urbana diante das mudanças climáticas.
ÍNDICE DE VULNERABILIDADE AO CALOR
As populações não são atingidas da mesma maneira pelos eventos climáticos, assim como não reagem igualmente, em razão das suas diferentes capacidades adaptativas. Logo, é necessário considerar diferentes fatores e suas correlações para realizar uma leitura acurada e especializada da vulnerabilidade da população ao calor. Para o trabalho, foi proposto um Índice de Vulnerabilidade ao Calor para identificar as áreas mais vulneráveis da cidade
PLANO DE AÇÃO E MITIGAÇÃO AO CALOR
O Plano é composto por 15 estratégias, divididas em dois objetivos. Para cada estratégia, são propostas ações a serem realizadas pelo poder público. Algumas estratégias levam em conta componentes espaciais, logo, para estas, foi realizada uma leitura do território para indicar os locais de intervenção prioritária. Outros, propõem instrumentos legais a serem implementados para apoiar sua concretização.
DEMONSTRAÇÃO
Para demonstrar a aplicação das ações propostas, foram realizadas duas demonstrações na microescala, uma em um trecho da Av. Ipiranga e outra na Praça Rejane Vieira, escolhidos por sobreporem diversas ações.
SIMULAÇÃO
Para analisar o impacto das estratégias de mitigação de calor nas áreas selecionadas, foram conduzidas simulações computacionais da temperatura radiante usando o plugin UMEP no software QGIS. O resultado foi satisfatório, com a Av. Ipiranga tendo redução de 0,8ºC. A análise reforça o papel da simulação como uma ferramenta do processo de projeto, garantindo a eficácia e o desempenho dos projetos propostos.

Parecer do júri

O trabalho se destaca por despertar a reflexão sobre o lugar e o papel do arquiteto, enquanto planejador urbano, dentro do contexto de mudanças climáticas, e prova que é possível inserir a variável climática no processo de planejamento e regeneração das cidades. Aborda a variável relacionada ao calor e consegue, através da análise do Índice de Vulnerabilidade ao Calor, aproximar-se da escala local e social, utilizando-o para selecionar as zonas sobre as quais foram testadas as hipóteses de projeto. O trabalho apresenta um bom material de diagnóstico, interpretações coerentes e conclusões fundamentadas, e demonstra uma profunda pesquisa dos instrumentos legais já existentes. A leitura e apresentação do conteúdo está bem sistematizada de forma a facilitar sua leitura e entendimento, e as simulações projetuais validam a perspectiva de que o planejamento urbano pode e deve se valer de novas tecnologias de simulação e saberes complementares, para criar cidades mais resilientes. Por fim, o trabalho se apresenta como uma metodologia que tem todo o potencial de ser difundida e aplicada.

Deixe seu comentário