Estação de Pesquisa Marinha: Uma nova sede para a comunidade científica da Ilha da Trindade

Estação de Pesquisa Marinha: Uma nova sede para a comunidade científica da Ilha da Trindade

Desde seu descobrimento o Brasil possui uma relação bastante estreita com o Oceano Atlântico, possuindo uma costa de mais de 8.500 quilômetros e uma área oceânica de 5,7 milhões de quilômetros quadrados, conhecida como “Amazônia Azul”. Nesta região encontram-se algumas ilhas, entre elas, a Ilha da Trindade, escolhida para implantação do projeto, por ser um local de grande importância estratégica militar, econômica e científica. O lote designado está localizado em uma área de fácil acesso ao mar e aos recursos presentes na área. A topografia do lote possui declive em direção a praia, possibilitando uma ocupação com volumes que tirem proveito da vista para o mar. A ideia do projeto é que às instalações atuais da Marinha do Brasil sejam desconsideradas, criando assim um objeto arquitetônico único com mais qualidade de uma forma geral.
Por Trindade estar em uma posição geográfica distante da costa brasileira, atualmente os ocupantes da Ilha costumam ficar períodos de até seis meses no local. Pelo isolamento e o pouco contato com familiares e amigos, é comum alguns militares e pesquisadores se sentirem desanimados e isolados. Por isso, a ideia do projeto foi fomentar a interação entre os pesquisadores e militares, favorecendo através do convívio a troca de experiências e criação de vínculos, criando assim o conceito de “Uma comunidade científica”.
O objetivo primordial da implantação foi construir uma ligação entre a ciência e o seu objeto de estudo, traçando um eixo que serve de ponte entre mar e terra. Deste eixo principal saem eixos perpendiculares secundários, formando uma espécie de estrutura óssea de um peixe. Esta ideia se baseou nos princípios da biomimética.
A edificação, encontra-se semienterrada, mimetizada em meio ao natural, disposta de forma a tirar partido estético das visuais e receber ventilação cruzada no sentido leste-oeste.
O volume de serviços, por não necessitar de uma logística de fluxos apurada, foi posicionado no nível mais elevado do lote. Os setores de dormitórios e área social tem como proposta que os dormitórios dos militares e dos pesquisadores civis estivessem unidos por uma área social, gerando assim um local de união. As áreas de serviço foram implantados com a ideia de facilitar a logística das operações praticadas, estando em uma área central. E por fim, aproveitando a estrada preexistente, os setores de tratamento, armazenamento de resíduos e garagem foram posicionados na parte inferior do lote, facilitando a logística de saída de veículos.
Para as áreas externas da edificação foram propostos deques de madeira que ligam todo o projeto até o mar, formando um píer com atracadouro.
A escolha da materialidade da edificação possui uma relação que transcende as necessidades de resistência e facilidade de transporte, tendo também uma relação com a natureza circundante. O concreto se relaciona com as rochas e a madeira laminada colada com a vegetação. A junção destes materiais simboliza a luta do homem para moldar e adaptar a natureza que o cerca para assim sobreviver.

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