Complexo Cultural em Santa Cruz do Sul: Memória, arte e lazer

RESUMO SOBRE O TRABALHO COMPLEXO CULTURAL EM SANTA CRUZ DO SUL: MEMÓRIA, ARTE E LAZER

Este trabalho apresenta a recuperação de um conjunto fabril construído em 1923 no centro de Santa Cruz do Sul, uma cidade economicamente ligada à produção de tabaco desde sua fundação como colônia. Localizados em um ponto privilegiado, os edifícios em estudo possuem grande valor histórico, pois abrigavam a principal empresa da indústria do fumo da região: a Companhia de Fumos Santa Cruz.

A escolha do programa nasce da percepção da carência de equipamentos deste setor na cidade. Além de fomentar a cultura, o complexo cultural proposto tem como objetivo valorizar o patrimônio histórico edificado e reintegrar o conjunto, que atualmente se encontra abandonado, na vida urbana da cidade. Assim, nasce o Complexo Cultural Companhia de Fumos (CCCF), que abriga duas praças públicas, o Museu da Indústria Fumageira, o Pavilhão Gastronômico, o Centro de Artes, além de lojas e estacionamento.

O partido arquitetônico soluciona o desnível topográfico de 6m que o terreno possui por meio da criação de três níveis com funções diferentes: um com uma praça verde, um com uma praça seca e um com as edificações a serem recuperadas.

Essas edificações foram categorizadas por tipologia e, a partir da avaliação do seu estado de conservação e da sua contribuição arquitetônica, foram adaptadas para receberem novos usos. Assim, a edificação com chanfro na esquina, identificada como a de maior hierarquia, abriga o Museu da Indústria Fumageira; e, os dois pavilhões com cobertura em arco, cujas formas marcantes já fazem parte do imaginário popular dos habitantes da cidade, se transformam no pavilhão gastronômico. Além disso, outros dois edifícios são substituídos por uma estrutura leve com dupla função: fazer referência à forma original do conjunto e criar um pórtico de entrada principal a partir da via de maior fluxo, a Rua Ernesto Alves.

O restante do programa se desenvolve em novas edificações, posicionadas de forma que elas mesmas, ao se relacionarem com as existências recuperadas, configurem o espaço aberto. Dessa forma, a nova edificação em “L” que abriga o Centro de Artes, bem como as novas lojas, se voltam tanto para a praça verde no nível inferior, como para a praça seca no nível intermediário. Além de respeitar a vegetação existente, essa disposição formal permite que o Complexo seja acessado pelas quatro ruas circundantes, estabelecendo conexões urbanas e valorizando o espaço público.

A grelha estrutural das novas intervenções adota o módulo predominante nas existências, permitindo que outros elementos do projeto fortaleçam a relação entre o novo e o existente. O desenho de piso do espaço aberto e a própria configuração da praça seca são exemplos disso. Também há um cuidado com a remodelação das fachadas das existências, cujo desenho das esquadrias mantém sua largura e seus elementos fazem referência às suas condições iniciais.

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