CASA – CENTRO DE APOIO PARA PESSOAS COM AUTISMO

Este trabalho apresenta a proposta de um Centro de Apoio para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A cidade onde se insere – Cachoeira do Sul – carece de um local especializado para pessoas com autismo, uma demanda recorrente de entidades representativas da cidade para atendimento do município e das cidades vizinhas. Através deste projeto, busca-se promover o atendimento da pessoa com TEA, focando no seu desenvolvimento, autonomia e integração sensorial.
O partido arquitetônico é embasado em uma pesquisa minuciosa, que buscou entender a contribuição da arquitetura para o tratamento/desenvolvimento da pessoa com TEA. Através dela foi possível entender as particularidades do TEA, seu efeito nas percepções sensoriais e como afeta as relações pessoa-ambiente para este público.
Parte da pesquisa consistiu na aplicação e análise de um questionário com profissionais atuantes no tratamento do TEA, assim como com pessoas diagnosticadas com autismo, seus familiares e amigos. As informações coletadas permitiram a adequada estruturação do público-alvo, programa de necessidades e fluxograma. O edifício atende crianças de até 10 anos diagnosticadas com autismo leve a moderado. O centro projetado oferece atendimento, permitindo ainda o diagnóstico, acompanhamento no tratamento e desenvolvimento, além de oferecer uma estrutura pública de lazer e aprendizagem.
Ao acessar o lote, a praça pública faz a recepção da comunidade todos os dias da semana. Ela dá acesso à cafeteria e à biblioteca, que, ao serem abertas à visitação, agregam valor e vitalidade à região transformando sua renda em manutenção para o próprio edifício.
O acesso ao edifício é dado por um pórtico no formato de “casa”, que busca, em termos simbólicos, o acolhimento. Os setores do edifício são bem definidos, recebem no eixo de acesso o setor social, administrativo e de apoio, enquanto outro eixo, maior em profundidade, abriga o setor de assistência. Todas as áreas têm um percurso claro na intenção de facilitar a locomoção.
Foi definido um zoneamento sensorial que cria um sequenciamento dos setores a partir de níveis de estimulação sensorial, assim, todos os usuários podem circular em qualquer área, independente da sua prescrição, reconhecendo os estímulos que serão encontrados no percurso. Este zoneamento divide as áreas internas e externas em três zonas: de baixo estímulo, de transição e de alto estímulo. Em suma: as áreas de acesso possuem caráter de transição; as áreas de atendimento, atividades terapêuticas e de foco possuem caráter de baixo estímulo; e as áreas onde são desenvolvidas atividades lúdicas, pedagógicas ou de caráter social são de alta estimulação.
Vale ressaltar que o setor de assistência possui uma grande circulação que recebe um jardim interno como barreira física formando dois corredores, um que dá acesso às salas de atividades lúdicas e outro que dá acesso às salas de uso terapêutico. Todas as salas são independentes em uso e forma, possuem acesso às praças externas, criando espaços multifuncionais e flexíveis.

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