Segundo a Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, a arquitetura e urbanismo são um importante meio de promover saúde pública e, presença necessária na melhora da qualidade de vida da população, juntamente com a colaboração da comunidade.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 55% da condição vital de uma pessoa é atribuída aos determinantes sociais da saúde, que segundo a Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS) são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Dentre esses, está justamente a moradia de qualidade, que pela escassez de recursos dos indivíduos e pela ausência de investimentos em infraestrutura comunitária afeta diretamente a saúde.
No Brasil, o déficit habitacional ultrapassa os 30 milhões de moradias e tendo em vista, que por conta da pandemia de 2020, o número de famílias despejadas aumentou em 400%, essa condição tende a piorar. Esse índice, desde 1995, é calculado pela Fundação João Pinheiro (FJP) e segundo ele, serve para estimar a falta de habitações e/ou existência de habitações em condições inadequadas, que podem ser entendidas como habitações em risco ou construídas com materiais impróprios, também aquelas que abrigam um número excessivo de pessoas e, o que mais ocasiona o déficit, o ônus excessivo do aluguel. Portanto, o propósito desse trabalho é buscar por meio da arquitetura, as melhorias habitacionais que implicam em saúde pública. De forma a garantir os direitos à população de moradia digna e saneamento básico. Diminuindo o déficit habitacional e proporcionando a aproximação das comunidades mais vulneráveis à informação aliada à prática de construção civil, lhes oportunizando melhor qualidade de vida e acesso à educação.
Partindo dessa análise e de pesquisa em campo analisando dados do Cadastro Único do Governo Federal da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura do Município de Santo Ângelo/RS, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania e também levantamento de equipamentos públicos e transporte, foi possível levantar dados do Município para a criação do Ateliê-escola e suas extensões universidade/bairros.
O ateliê-escola irá atuar como um canteiro experimental com ênfase em saúde pública, que dê assistência técnica a população de baixa renda e ainda promova a educação e profissionalização voltada para a construção civil, impulsionando tanto a população quanto os universitários do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade. A escolha do ateliê-escola ser situado dentro do campus da instituição, se deu devido a preexistência de 06 prédios voltados para as engenharias e arquitetura, e também a infraestrutura de 16 laboratórios direcionados para a construção civil que estão localizados próximos a área escolhida.
Já os 04 lotes das extensões universidade/bairros foram escolhidos a partir de dados que demostraram 11 bairros abaixo do corte de renda médio mensal estipulado em R$100,00 per capita e também da análise dos raios de abrangência dos equipamentos públicos e mobilidade viabilizando a conexão universidade-bairro.