Resiliência e multifuncionalidade: proposta de requalificação da paisagem junto ao Rio Taquari – Lajeado / RS
Apesar da água ser um elemento imprescindível para a vida humana, a relação do homem com os recursos hídricos se tornou contraditória, principalmente a partir do processo de urbanização. Mesmo presentes na paisagem urbana, os rios são desvalorizados e negligenciados, pois raras vezes são incorporados ao planejamento, aumentando os riscos de desastres naturais. Ganhou força, nas últimas décadas, a discussão acerca da importância da manutenção da biodiversidade e da relação do ambiente urbano com a natureza, com projetos pautados na recuperação e na requalificação da paisagem. É nesta perspectiva que este trabalho surgiu, acreditando que a paisagem é infraestrutura e que através de projetos com soluções baseadas na natureza contribui-se para a recuperação da biodiversidade, para a diminuição de desastres naturais e para o aumento da qualidade de vida das pessoas.
O Rio Taquari estrutura a região que leva seu nome – Vale do Taquari, é carregado de história, significados e desafios. Por isso, este trabalho teve início na escala da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas, a fim de se estudar e analisar, através de revisões bibliográficas e do geoprocessamento, as dinâmicas ambientais e sociais presentes. Aproximou-se, então, da região de maior influência do Rio Taquari, foi analisado mais detalhadamente a região e dado um prognóstico e diretrizes de desenvolvimento sustentável. Chegou-se, portanto, na principal escala de estudo e projeto – a cidade de Lajeado/RS, a qual é banhada pelo Rio Taquari em seu perímetro leste e considerada uma capital regional pelo estudo REGIC 2018 (IBGE, 2020). Desde sua criação, em 1855, tem-se um histórico de inundações, evento natural que se intensificou a partir do processo de urbanização, em vista da falta de planejamento adequado. Por isso, entende-se a necessidade de um planejamento que respeite e valorize a paisagem e que ofereça propostas que evidenciem os sistemas ecológicos no ambiente urbano. Diante disso, este trabalhou teve como objetivo principal trazer soluções baseadas na natureza, a fim de alcançar a resiliência urbana e a reconciliação dos corpos hídricos com a cidade, proporcionando espaços livres que auxiliem não apenas na questão ecológica, mas que sejam também espaços de encontro que estimulem o convívio social e o bem estar do cidadão. Foi desenvolvido diretrizes gerais de desenvolvimento urbano, visando a ocupação ordenada e estruturação de corredores de desenvolvimento e corredores verdes, além da criação de um Sistema de espaços livres, que atua na reconciliação da paisagem natural com a antrópica, mitigando os efeitos das inundações e oferecendo espaços livres de qualidade para a população.