RENASCER Antigo Hotel Carraro
A Revitalização de imóveis antigos como potencial para o mercado imobiliário
A dor de viver na mais completa escuridão
Por 30 anos
A dor de sentir na pele
O peso da cegueira cultural
Renascer
Reconhecer-se em suas cicatrizes
E através da luz,
Se libertar.
Estamos acostumados à uma cidade que nasce e renasce em si mesma. Para o bem e para o mal.
Li, recentemente, que a nossa vocação está intimamente ligada à busca de soluções para os problemas no mundo que mais nos indignam. Naquele instante, a resposta ecoou em minha mente: o desrespeito com o patrimônio arquitetônico. Acompanhar, derrotada, a demolição de imóveis com valor histórico para atender à interesses especulativos. Afinal, como é possível que agentes se apropriem de tal forma e eliminem resquícios caros da boa arquitetura do passado? Como podem privar as futuras gerações do acesso à sua história edificada?
“Há uma ideia míope de incompatibilidade entre preservação arquitetônica, cultural e histórica e o progresso econômico. ”
Se acreditamos na importância de preservar edifícios representativos de nossa história, como poderíamos buscar alternativas contundentes que demonstrem não só a relevância da proteção, mas também a viabilidade técnico-financeira de modo a sensibilizar os agentes construtores de nossa cidade?
Por que não canalizar a energia do mercado imobiliário e mostrar que é possível, sim, aliar preservação e interesses econômicos?
Este projeto objetiva debruçar-se em busca de argumentos de salvaguarda do patrimônio, para que se perceba nestes imóveis aliados na produção de um produto com valor agregado, com respeito à preexistência e à cidade.
Situado no centro histórico de Porto Alegre – RS, na esquina da Avenida Otávio Rocha com a Rua Doutor Flores, o edifício Comendador Chaves Barcellos, mais tarde conhecido como Hotel Carraro, datado de 1933 e projetado pelos arquitetos Saul Macchiavello e Antonio Rubio é a preexistência da intervenção. Em seu projeto original, o prédio era de uso misto. No térreo e sobreloja, comércio; No primeiro andar, escritórios e áreas coletivas do Hotel Carraro. No 2º andar: as dependências do hotel e nos demais andares, apartamentos residenciais.
O prédio encontra-se na lista de imóveis de compatibilização e são inúmeros os danos sofridos desde a ocupação pela loja Mesbla na década de 70. Outras empresas operaram ali e – embora o ponto atenda à função econômica – seu uso negligencia o valor arquitetônico da edificação, que corre o risco de desaparecer em pouco tempo.
O prédio antes vivo, aberto, múltiplo em seus usos e voltado para a praça, hoje está cego. Não pode mais assistir à vida que acontece ao seu redor. Adições grosseiras o tornaram fechado, desrespeitado, repleto de cicatrizes. Há a consciência de que um imóvel não volta a ser exatamente como era antes das modificações. Sensível ao histórico do prédio, o projeto visa atender não só aos interesses de uma incorporação imobiliária pura e simples, mas uma arquitetura gentil e que advogue pela arquitetura do passado.
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