Redesenhando a escola é um manifesto pela educação, um projeto no qual a arquitetura responde a um modelo de ensino que visa superar a escola tradicional, buscando valorizar individualidades e diversidade dos alunos, por meio de espaços que possibilitem o uso de metodologias alternativas de ensino e aprendizagem.
Ao se comparar uma sala de aula do século XIX à sala de aula atual, observa-se o mesmo formato: classes ordenadas e um professor ditando conteúdos, ambientes fechados, onde alunos são muitas vezes passivos no processo de aprendizagem.
A proposta é, então, reinventar a escola: remove-se as salas de aulas e os muros e não se divide os alunos em séries, por idades ou por níveis de conhecimento. O modelo tradicional de escola possui espaços limitadores e acessos restritos. Por outro lado, a escola redesenhada é libertadora pois todos os espaços passam a ser espaços de aprendizagem.
Toda criança é curiosa e criativa, porém o sistema educacional tradicional acaba buscando uma uniformidade na formação, contribuindo para que tais características sejam reprimidas. Diante disso, propõe-se um ambiente onde as crianças possam desenvolver sua autonomia e seu potencial criativo, cada um com suas diferentes habilidades e maneiras de se expressar.
Na escola tradicional o conteúdo é o centro. Na escola redesenhada o alunos é o centro, ele é visto em sua individualidade pois cada um possui uma maneira diferente de aprender. O aprendizado parte de assuntos de interesse de cada um.
A proposta é amparada em uma vasta pesquisa sobre ambientes alternativos, como as Escolas Vittra, de Rosan Bosch, Escola da Ponte (Portugal), EMEF Desembargador Amorin Lima (São Paulo SP), Projeto Âncora (Cotia SP), método Montessori, algumas ideias de Paulo Freire, na tese de mestrado “Learning by design, design by learning”, por Catherine C. Lange, e ainda no livro “The Third Teacher”. Observou-se como a arquitetura pode ser conformada, de modo a contribuir efetivamente no processo de ensino e aprendizagem, buscando contemplar a aprendizagem por meio visual, auditivo e cinestésico.
O formato circular é indicado como uma maneira recorrente de organização dos alunos, pois todos podem estar na mesma distância, vendo-se e compartilhando experiências e conhecimento. Nesse sentido é estabelecido como ponto de partida para o projeto um circo, pelo seu formato e pelo símbolo de lugar do movimento, pois a atividade corporal desenvolve a cognição dos alunos. Neste espaço, os alunos aprendem atividades circenses, são realizadas as reuniões, peças de teatro, danças, exposições de trabalhos e festas.
Nesse contexto, buscando atender demandas específicas da localidade da cidade de Lajeado, RS, orientado a um novo modelo de educação e também pensando na inclusão, tanto na escala do ensino quanto na escala da cidade, a escola proposta é concebida como uma grande praça, como uma extensão do espaço público de forma que a própria comunidade possa usufruir e zelar por esse espaço. A arquitetura, então, busca ir ao encontro de uma percepção de que o aprendizado não pode estar encarcerado pois ele deve acontecer em todo o território.
Deixe seu comentário