O direito de todos à cidade é o que norteia a escolha da temática deste projeto. Um espaço público bem qualificado garante à população não apenas lazer, como também sociabilidade, um aspecto tão importante do bem-estar humano. São as ruas, praças e parques que criam a memória afetiva da cidade, estimulando a sensação de pertencimento e segurança dos moradores. Em um momento tomado pela especulação imobiliária e pelo planejamento urbano que beneficia interesses privados, parques e praças são os locais mais democráticos e acessíveis da cidade.
Este trabalho foi desenvolvido na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Pelotas é uma cidade de porte médio, abriga duas grandes universidades e, portanto, tem muitos jovens na população, tornando-a extremamente ativa. Apesar de sua dimensão, Pelotas não dispõe de muitas áreas públicas de lazer. Analisando o Mapa Urbano Básico (MUB) pelotense, é perceptível que a soma de áreas verdes cadastradas não supre a relação de m² de área verde por habitante indicada como ideal pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU). Foi observado também que mesmo em áreas verdes solidificadas e utilizadas pela população, havia falta de qualificação e manutenção.
Se buscou, então, entregar à cidade não apenas o projeto de um parque urbano, mas, também, o lançamento de diretrizes urbanísticas para as áreas verdes existentes, a fim de impactar de forma mais ampla o município.
Durante a busca por terrenos para o projeto de um parque, dois pontos foram decisivos: o alto nível de ocupação da cidade e a falta de manutenção das praças existentes. Sendo assim, foi escolhido para reforma o terreno do Parque Dom Antônio Zattera. Após análise inicial do sítio, percebeu-se que o parque estava inserido dentro de um sistema de áreas verdes na zona central, composto pelas praças históricas da cidade – com isso, o trabalho foi dividido em macro, meso e micro escala.
Na macroescala, é feita uma análise de fraquezas e potencialidades de Pelotas para propor diretrizes urbanísticas para as áreas verdes da cidade e compreender o contexto histórico e geográfico em que está inserido o parque.
Na mesoescala, busca-se entender o funcionamento das áreas verdes do centro, e como o parque se posiciona neste sistema. São lançadas diretrizes para cada uma das praças históricas além de uma proposta detalhada para os canteiros da Av. Bento Gonçalves.
Na microescala, é analisado o parque bem como seus elementos construídos e entorno imediato, e é lançado o projeto paisagístico.
O Parque Dom Antônio Zattera é uma importante área verde da cidade, fazendo parte da área correspondente ao primeiro loteamento de Pelotas, presente na vida dos pelotenses desde o início do município, surgindo em 1875 como Praça General Câmara e sendo rebatizado mais tarde. Hoje, encontra-se tombado pelo IPHAN, juntamente com seus dois sanitários.
Uma vez movimentado e cheio de vida, tendo abrigado um minizoológico e um parquinho, hoje o parque não tem caráter definido. É uma grande área verde que não tem um movimento de pessoas correspondente, ficando claro que há muito potencial a ser explorado.
Parque Urbano Dom Antônio Zattera: o centro e suas áreas verdes
Autor:
Rafaela Campelo Caldieraro
Orientador:
Ana Paula Neto de Faria
Instituição:
Universidade Federal de Pelotas - UFPEL
Data:
2021-2
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