Museu da Memória e dos Direitos Humanos do Rio Grande do Sul
Porto Alegre/RS
O presente trabalho tem por objetivo a compreensão de variáveis históricas, sociais, políticas e econômicas relacionadas aos estados de exceção e graves violações dos direitos humanos ao longo dos processos de conformação do território brasileiro, estabelecendo relações, sobretudo, entre o regime que eclodiu no Brasil entre as décadas de 1960 e 1980 e a retomada de políticas, a nível nacional e internacional, que atualmente têm intensificado desigualdades e violentado direta ou indiretamente os direitos humanos no país e no continente americano, a fim de abordar as questões da memória referente ao assunto no âmbito da cidade de Porto Alegre e sua relação socioespacial com tais processos.
As principais justificativas que nortearam este trabalho foram: A invisibilização das questões referentes aos crimes de lesa humanidade realizados no Brasil; A significativa presença de espaços de tortura que existiram e existem no Brasil (sendo o Rio Grande do Sul, segundo a Comissão Nacional da Verdade, o que mais concentrou locais de violações de direitos humanos em todo o país durante a última Ditadura Militar); A ausência de uma memória coletiva referente ao assunto, nas esferas materiais e imateriais a nível nacional e estadual; A omissão de informações que até o presente momento engaveta a história de resistências, mortes, torturas desaparecimentos e genocídios legitimados pelo Estado brasileiro em regimes de exceção; A iminência de totalitarismos atualmente e de políticas que violam os direitos humanos; Uma memória pelas resistências de grupos historicamente invisibilizados e espaço para a manifestação de tais grupos nos mais diversos âmbitos.
A proposta tem por objetivo geral relacionar a historiografia oficial referente ao assunto a relatos a outras fontes não considerados nos relatórios oficiais (relatos de sobreviventes, levantamentos de familiares e movimentos sociais, obras censuradas, cinema, música etc.); Relacionar Arquitetura, Memória e Cotidianidade; Tratar a questão da memória coletiva no espaço construído a partir de uma abordagem fenomenológica/sensorial; Estabelecer uma relação entre o objeto arquitetônico proposto e demais locais relacionados a repressão e resistência na cidade de Porto Alegre/RS.
O processo de criação e concepção da presente proposta possui uma relação intrínseca com a significação atribuída tanto ao âmbito arquitetônico (Proposta do Museu), quanto ao âmbito urbano (Proposta de circuitos de visitação aos locais relacionados aos direitos humanos na cidade). Foram realizadas visitações aos locais estudados, simulações ambientais in loco, entrevistas e levantamentos fotográfico. Todas as imagens tridimensionais apresentadas foram geradas a partir de maquetes físicas relacionadas a ferramentas digitais de representação, além de ilustrações a mão livre e desenhos técnicos realizados em meios digitais.
Em suma a proposta deste trabalho é retomar a memória através da experiência sensorial e fenomenológica do espaço, a partir de experiências técnicas/antropológicas realizadas durante todo o processo de trabalho, e refletir sobre acontecimentos da contemporaneidade conformando uma arquitetura que também seja um espaço de aprendizagem, que reflita as problemáticas do seu tempo relacionando-as com as de seu passado invisibilizado em inúmeros aspectos pela própria historiografia oficial.
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