MOD.LAR Abrigo Modular Emergencial Temporário para cidade de Santa Maria/RS
A proposta é um abrigo modular emergencial temporário, que atenda às populações desabrigadas, em decorrência de desastres naturais, já que, dados como os de Anders (2007), demostram que nos últimos 10 anos, cerca de 70 milhões de pessoas ficaram desabrigadas nos desastres naturais no mundo, sendo o Brasil o único país das Américas que está na lista dos 10 países com o maior número de pessoas afetadas por desastres entre os anos de 1995 a 2015. Neste período, 51 milhões de brasileiros foram impactados por catástrofes, milhares deles abrigados em locais improvisados. Salienta-se que mesmo sem levar em conta a ocorrência das mudanças climáticas e o aquecimento global, pesquisas apontam que o risco de desastres continuará a aumentar, principalmente, em função do acelerado processo de urbanização que levou o crescimento das cidades as áreas impróprias. Para compreender as possibilidades de implantação, o abrigo foi situado no município de Santa Maria/RS que de acordo com a Prefeitura, em 2011, possuía um déficit habitacional de 4.805 famílias, além disso, a inadequação habitacional na cidade chega a 27.563 domicílios, estas habitações são construídas de forma precária em terrenos impróprios, onde a vulnerabilidade é constante, já no centro da cidade, onde todo meio é construído, há excesso de áreas impermeáveis. Neste contexto, Feres (2014), afirma que a carência de planos preventivos, suscita a necessidade de planejamento e aparelhamento diante de situações que requeiram ações imediatas de resposta a desastres, tais como suporte às vítimas, provimento de abrigos e meio de subsistência. Assim, propõe-se aqui um abrigo adequado às características sociais, culturais e econômicas dos usuários, servindo de amparo, até que a reconstrução de sua moradia permanente e o local atingido, ofereçam condições de vida e segurança para o habitar. O abrigo foi planejado a partir de uma lógica modular, flexível, de baixo custo, desmontável e de desenho universal. Parte-se de um módulo fixo que abriga as instalações hidráulicas do banheiro e da cozinha, por isto optou-se por este não ser desmontável. Os demais módulos, social e íntimo, serão montados e agregados ao fixo conforme a configuração familiar. A cobertura tem um sistema de regulagem da inclinação, garantindo o ajuste conforme a orientação solar. Os módulos têm uma estrutura de vigas e pilares metálicos e, a fundação de sapatas de concreto com altura ajustável possibilita a adaptação em diferentes terrenos. As paredes formadas por placas de tetra pak, serão preenchidas com isolante térmico e acústico, estruturadas por perfis metálicos. Salienta-se que, apesar da aceitabilidade (pela escolha dos materiais ou do desenho), o abrigo tem aparência de temporário, não gerando dependências externas e assim mudar o desejo das pessoas de retornarem para suas casas. Entende-se assim que, a solução apresentada não é de apenas um abrigo, mas sim, uma forma de dar continuidade a vida, é a possibilidade de ajudar pessoas em um momento de fragilidade, sendo o abrigo um refúgio acolhedor, que pertença, ainda que de forma temporária, aos desabrigados, em meio a tantas perdas.
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