O projeto constitui-se de um centro de memória e ressignificação de perda, um espaço que busca retomar o caráter simbólico, afetivo e ritualístico do findar através das lembranças. Através de um espaço interativo, de trocas e acolhimento, o Centro busca quebrar o estigma atrelado aos espaços de caráter fúnebre, tendo como ponto de partida a vida do indivíduo e sua história. O centro de memória não é um cemitério, não é apenas um crematório, é um local idealizado para abraçar o luto e, com o tempo, o transformar em histórias a serem contadas. O Centro de Memória é um espaço para lembrar, conviver, compartilhar e registrar histórias e fatos, com importância local e regional.
Através das passarelas que cercam as praças, o projeto acolhe o visitante dentro do espaço, tornando-se uma espécie de claustro, remetendo ao caráter sagrado dos cemitérios. Em segundo, a memória torna-se o centro da dinâmica do projeto, estando presente em todos as suas partes, visando homenagear aqueles que partiram e lembrar aos que ficaram das importantes lições de vida individuais. Abraçar a memória é acolher os usuários, evidenciando que, apesar de tântricos, os espaços fúnebres não precisam significar morte, podem ser locais de acolhimento e troca.
A composição dos 3 volumes principais inseridos nesse contexto reforça os alicerces do projeto: a história, a despedida e a memória, inerentes à vida do indivíduo. As praças também possuem a intenção de homenagear e fazer refletir, a primeira enfatiza o aspecto simbólico e afetivo necessário para que as pessoas se sintam abraçadas, enquanto a segunda lembra sobre os ciclos naturais da vida através dos elementos fundamentais. As passarelas completam esse conjunto reforçando a conexão entre cada parte do existir, enquanto o prédio administrativo torna-se um portal entre o cemitério tradicional existente e a proposta.
Ao nível da rua os visitantes são recebidos por um alargamento da rua, uma cobertura para distribuir aqueles que chegam e também criar um ponto de contemplação da paisagem. Desse ponto, chega-se ao edifício do acervo, que guarda a história em seu bloco sólido de concreto e o protege com seus recuos. Através de uma varanda fechada, passa-se para o crematório, um volume com duas varandas abertas onde o luto pode ser externado, dando abertura para que a paisagem traga conforto, sendo um elemento que preenche quem se despede com a imensidão do horizonte. Seja pela Praça dos Elementos ou pela passarela, pode-se seguir para o centro de memória, que a mantém acesa para os visitantes, sendo um ponto de referência e cura, onde passado, presente e futuro podem ser vislumbrados através de salas interativas, passando por tudo que constitui o ser humano: suas lembranças, experiências, sentidos e sentimentos.
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