O projeto Mergulho na Alma nasceu da inquietude pessoal diante do conturbado cenário urbano atual. Uma parte dessa visão está expressa neste trecho do manifesto criado para o projeto, intitulado “Sociedade do cansaço”:
Um problema profundo e silencioso.
Uma sociedade doente que sustenta uma rotina desumana e descartável.
O espírito se perde em um meio materialista e superficial.
A falta de significado e propósito culminam em um vazio existencial.
O ambiente externo contamina e crescem os números de doenças psíquicas.
A sociedade vive com pressa, em um modo automático e desconectada com o que realmente importa.
Para embasar este tema, foi realizada uma pesquisa com 107 entrevistados, revelando que 84% deles sentem muita ansiedade e/ou stress na rua rotina diário, sendo que 60% desses entrevistados não conhecem nenhum lugar destinado à busca pelo autoconhecimento.
Assim, o Centro de Autocura Urbano, Mergulho na Alma, busca criar uma desconexão com essa conturbada rotina urbana e criar espaços para PAUSA, RESPIRO E RESIGNIFICAÇÃO do momento presente. Por meio da arquitetura, ser um ponto de equilíbrio entre a vida externa e interna, material e espiritual, conectando o CORPO, a MENTE e o ESPÍRITO.
A arquitetura busca ir além da técnica, função e beleza, e ser uma arte capaz de dar corpo ao espaço, de gerar experiências físicas e, principalmente, emoções a matéria prima da consciência humana. Uma arquitetura que silencie o ruído externo ao passo que aguça os sentidos humanos para uma percepção do momento presente, sendo um convite ao olhar interno.
Pretende-se ressignificar um hiato urbano localizado no Centro Histórico de Porto Alegre/RS, através de um percurso introspectivo que conecta duas vias principais do terreno, criando uma passagem urbana pública. O vazio atua como elemento estruturador de uma arquitetura fluída e sensível com a natureza, enquadrando a paisagem e oferecendo espaços para contemplação e conexão com a natureza. Inspirado pela filosofia japonesa de “negação e recompensa”, foram concebidos pequenos cenários que surgem ao longo do percurso.
Foram propostas quatro edificações – terra, fogo, ar e água – que fomentam a prática da espiritualidade e a busca do autoconhecimento. O volume do ar é um espaço público destinado à prática da meditação, conexão espiritual ou intrapessoal.
A sustentabilidade foi considerada desde as premissas iniciais do projeto, priorizando a preservação da vegetação existente ao construir nas áreas de menor densidade vegetativa e manter o perfil natural do terreno. A estrutura foi concebida de forma independente utilizando materiais de baixa emissão de CO2, como a madeira laminada colada e o concreto armado.
Os espaços internos recebem destaque, visto que passamos aproximadamente 90% do nosso tempo dentro de edificações. A combinação de elementos naturais, carregados de significado e verdade; o uso de vidros transparentes, criam visuais para a natureza; painéis opacos, filtram e uniformizam a iluminação natural e jardins internos. Esses elementos criam atmosferas que promovem sensação de tranquilidade e bem-estar.
Encerro estas palavras com a reflexão de Osho que ressoa com o projeto: “Não conheço uma coragem maior que a necessária para olhar para dentro de si mesmo.”
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