A escassez de serviços para gestantes e puérperas, combinada à problemática da violência obstétrica, destaca a urgência de resgatar o aspecto humano no processo de parto. A sobrecarga nos leitos hospitalares e a falta de informações carece a busca por alternativas que reconstruam os valores essenciais desse momento na vida das mulheres.
A evolução do parto, que passou de eventos domiciliares com parteiras para intervenções cirúrgicas hospitalares, evidencia a perda do protagonismo feminino nesse processo. O objetivo do centro é reverter essa trajetória, promovendo a humanização dos procedimentos e criando espaços que se diferenciem dos ambientes hospitalares convencionais. Além disso, busca reduzir significativamente a alta taxa de cesarianas no Brasil, que excede em mais de três vezes a recomendação da OMS de apenas 15% de partos cesáreos.
Ao propor ambientes exclusivos para o parto normal, a arquitetura é orientada para o bem-estar e o conforto do paciente, atendendo todas às legislações pertinentes. A edificação oferece assistência desde o pré-natal até o pós-parto, com foco na humanização, acessibilidade e conexão com a natureza, cumprindo as metas da ONU relacionadas à saúde materno-infantil.
O conceito “Colo de Mãe” impulsionou a busca por um ambiente acolhedor, aproveitando de todos os recursos naturais em prol da edificação, além de, visar o conforto da gestante na hora de parto, incluir elementos como a cromoterapia e áreas de deambulação para seu bem-estar, sendo cuidadosamente planejada para oferecer ambientes humanizados.
O Drywall foi escolhido como material de construção devido à sua versatilidade para adaptações no layout, especialmente em situações epidêmicas, e por sua capacidade de lidar com desafios acústicos. Além disso, destaca-se pela pouca produção de resíduos, diferentemente das técnicas de construção convencionais.
Prezando a sustentabilidade e o conforto térmico da edificação, foram explorados os recursos naturais como fatores chaves. Aproveitou-se da luz solar para abastecimento energético, bem como o posicionamento correto da edificação para a ventilação e iluminação estratégicas. O respeito à topografia do local, mesmo com um desnível significativo de mais de 26 metros, não negligenciou os critérios de acessibilidade e desenho universal, atendendo às normas e diretrizes para inclusão de gestantes, idosos e PCDs, com rampas de acesso, corredores amplos, e quartos adequados às recomendações da Rede Cegonha do Ministério da Saúde, além de manter a forma horizontal de acordo com a escala do entorno residencial.
A captação de água pluvial para uso nos espelhos d’água trouxe tranquilidade, desempenhando a função do resfriamento evaporativo na fachada norte, como também, o contato da gestante com a natureza, com um paisagismo sensorial tanto no interior quanto no exterior, utilizando plantas aromáticas e a trepadeira HERA para criar uma atmosfera especial. Os quartos foram projetados segundo diretrizes específicas, garantindo conforto, segurança e a participação de acompanhantes durante o parto.
Essa iniciativa não apenas aborda as carências presentes na saúde materna regional, mas também promove conscientização sobre a relevância do parto humanizado e da diminuição das cesáreas sem indicação clínica. Essa abordagem busca o bem-estar completo das gestantes, assegurando um processo de parto mais natural, seguro e acolhedor.
MATRIS: Centro de Parto Normal Humanizado
Autor:
Maisa Caroline Alba
Orientador:
Karina da Costa
Instituição:
Universidade Luterana do Brasil - Ulbra Carazinho
Data:
2022-2
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