No dia 06 de março de 2022 estudantes indígenas da UFGRS ocuparam o prédio da antiga Secretaria Municipal da Indústria e Comércio (SMIC), em Porto Alegre como ato de protesto, eles reivindicavam a construção da casa de estudante indígena, a partir desses acontecimentos, houve então a necessidade de se pensar em algo que atendesse a essa demanda de projeto. A partir deste momento, começou-se a estudar a fundo as necessidades desses estudantes, suas características, seus objetivos e o porquê de se ter uma casa de estudante voltada para os povos indígenas, com isso, foi realizado um estudo de campo, coletando relatos a partir dos quais foi possível elaborar um estudo de anteprojeto que englobasse premissas importantes, tais como: questões culturais, pessoais, familiares, espirituais, nessa entrevista percebi que o mais importante era atender e respeitar a pluralidade dos povos indígenas e sua permanência na cidade.
Como um dos principais objetivos da proposta destaca-se a permanência das mães indígenas na universidade, muitas delas vem das aldeias do interior para a cidade junto de seus filhos e para isso deve-se pensar em um ambiente que seja adaptado para receber também as crianças, o que não era contemplado na casa de estudante existente. Ressalta-se também como premissa o convívio dos líderes religiosos e seus familiares, os quais vem das aldeias para a cidade. Além disso, a proposta da casa de estudante existente não possui um quarto voltado para as famílias, pois os maridos por vezes vêm das aldeias para ficar com suas esposas, bem como os líderes religiosos que vem para dar aconselhamentos e também para fazer rituais religiosos.
A partir desse panorama quanto aos povos indígenas, justifica-se a criação de uma casa do estudante indígena que integre suas questões culturais. O local escolhido para implantação do projeto contempla facilidade de acesso aos principais equipamentos da cidade e boa acessibilidade. O terreno passou por análises urbanas e ambientais, assim como os condicionantes legais que foram definidoras para a configuração do volume, definições de habitabilidade e consequentemente para o desenvolvimento do programa de necessidades. O conceito do projeto desde a sua concepção sempre foi de ter linhas orgânicas, os círculos onde se dão as principais interrelações, tais como filhos, histórias, rituais, religião e no centro de tudo a casa como elemento principal, incorporando itens da cultura dos povos indígenas a construção.
O nome Ēg īn é uma palavra indígena que significa casa. Os povos indígenas consideram a casa o lugar onde possam praticar suas culturas, suas formas de estar bem uns com os outros, seja na alimentação, nas rodas de conversas e nas rodas ondes eles se reúnem para contar histórias, nos aconselhamentos dos mais velhos aos mais novos, nos risos, rituais e construção de uma universidade intercultural, casa essa onde eles tenham o direito de ir e vir e onde se tenha respeito pelos povos originários indígenas. A proposta consegue abraçar as demandas verificadas e traz, tanto em sua volumetria como espacialização interna elementos que tem por objetivo criar um lar para seus usuários.
Ēg īn – Casa do Estudante Indígena
Autor:
Gabrieli do Nascimento Niederauer
Orientador:
Ana Lilian Brock de Souza
Instituição:
Centro Universitário Ritter dos Reis - UNIRITTER - Campus FAPA
Data:
2022-2
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