COSTURANDO FARRAPOS DE UM TECIDO URBANO – [Re]qualificação no 4º Distrito de Porto Alegre para 2050

 

O projeto trata da transformação de uma área do 4º Distrito de Porto Alegre através do desenho e planejamento urbano de uma das principais avenidas da cidade, a grande via arterial que liga o Centro da cidade ao Aeroporto: a Av. Farrapos.
A Avenida foi construída em 1940 com o propósito de conexão viária. Além disso, traria à capital uma “aura de modernidade”. Nas bordas da linha de 5,5 km edificações Art Deco se alinhavam diante de uma calçada generosa e de uso ativo.
Desde então a Avenida sofreu uma intensa transformação, decorrente de diversos aspectos, entre os quais as normativas de planos diretores e a implantação de um robusto corredor de ônibus. Aos poucos se tornou um lugar de calçadas esvaziadas pelo crime e ocupadas, em boa parte, pela prostituição.
Diante dessa realidade o desafio do projeto foi mirar o futuro: como será a Avenida Farrapos dos anos 2050? A ideia se estruturou após uma consistente análise, histórica e contemporânea. A estratégia atendeu a três principais eixos de ação projetual:

1. O tecido referencial consagrado – morfologia cotidiana: partes do tecido de borda que estavam esvaziados, ou degradadas, foram entendidas como “vazios de oportunidade”. A proposta de ocupação desses vazios veio da identificação de uma lógica modular oferecida pelo tecido histórico. Com base nele foram desenvolvidas normativas para construções futuras, entre as quais destacam-se: programa misto, valorização das esquinas, térreos cobertos, recuados e de uso público, alinhamento das marquises, coroamento diferenciado e de uso privado, variação de alturas respeitando a diferença máxima de três pavimentos (mais altos, ou mais baixos) com relação as preexistências.

2. Exceções: As áreas em que os vazios eram maiores foram destinadas a ocupações de uso urbano, abrigando equipamentos públicos com morfologias variadas.

3. Parque linear: Diante da expectativa da implantação de um metrô urbano, o corredor de ônibus deu lugar a passeios peatonais e à ciclovia. Ali a arborização foi renovada, e tecnologias de absorção e reutilização de energia foram utilizadas.
E os três níveis de escala utilizados foram: macro, meso e micro, que tratam de intervenções, respectivamente:
1. A nível cidade: parque linear substituindo corredor de ônibus, mudança no transporte público para o metrô e a valorização das edificações de estilo Art Deco;
2. A nível trecho: detalhamento de 1 km da avenida, projetando a inserção independente para futuras edificações, a fim de manter certo controle e respeito com as edificações históricas existentes, utilizando módulos mínimos baseado nas pré-existências como norteadores do planejamento;
3. A nível pedestre: projetando dispositivos de controle influenciados pelo
estilo Art Deco, para que restrinja e proteja o futuro da avenida, evitando por exemplo, que determinada área seja comprada por incorporadoras que fecharão trechos e criarão o “Condomínio Residencial Farrapos Parque”, gerando assim, insegurança para os cidadãos que estão fora dos portões e corrompendo com o padrão existente.

O resultado é a verificação da possibilidade de uma nova paisagem, um cenário reconstruído, consoante com o crescimento e com o desenvolvimento de uma cidade no século XXI.

 

 

Parecer do júri

A Comissão Julgadora do Prêmio destaca o projeto Revitalização da Avenida Farrapos: costurando farrapos de um tecido urbano, em Porto Alegre: pela qualidade do diagnóstico urbano, abrangente e consistente. A diversidade de elementos analisados encontra eco nas propostas de diretrizes volumétricas e programáticas apresentadas, resultando em um trabalho complexo e pertinente, revelando maturidade no tratamento da cidade como espaço de construção continuada da memória e da coletividade.

Tags: Porto Alegre, Requalificação

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