Comunidade Náutica Flutuante

O interesse por viver em contato com a água vem desde as primeiras civilizações, e foi evoluindo junto com as necessidades do ser humano, que em um começo, se estabelecia a beira da água por ser um elemento essencial para a sobrevivência. Já na atualidade, após conseguirem demonstrar certo domínio, passaram a residir sobre a água em moradias flutuantes.
Sendo assim, a proposta do projeto busca trazer a oportunidade de criar um novo estilo de vida melhorado na cidade de Pelotas-RS, voltado para a relação do homem com o meio natural. Assim surge a Comunidade Náutica Flutuante, implantada no Canal São Gonçalo que consta com uma situação geográfica avantajada, pois o Canal faz a ligação entre a lagoa Mirim – Uruguai e a lagoa dos Patos – Brasil, sendo esta última a maior lagoa da América do Sul.

Trata-se de um conjunto arquitetônico composto por uma escola de vela e remo e onze moradias flutuantes, que definem uma comunidade flexível, capaz de adicionar ou liberar suas unidades integrantes. É uma pequena comunidade, a ponto de seus limites estarem sempre ao alcance da visão daqueles que a integram.

O aspecto arquitetônico busca materializar o estilo de vida de indivíduos adeptos e entusiastas do meio aquático, logo, foram adquiridos conceitos espaciais provenientes da arquitetura naval, como, por exemplo, a diferença de níveis entre os ambientes e a utilização das coberturas resultantes dos mesmos, como espaços úteis para convivência e interrelação entre os indivíduos. Se desenvolveu então o conceito de junção de elementos com o objetivo de obter otimização e aproveitamento de todos espaços.

A Comunidade Náutica Flutuante tem a intenção de ser uma construção ideológica que, além de suas funções tradicionais, reconheça, promova e exerça um papel educador na vida dos sujeitos, assumindo como desafio permanente a formação integral de seus habitantes.

Uma das características destacadas do projeto é sua autonomia que vem ligada a sustentabilidade, através da instalação de sistemas alternativos. Foi projetada uma sala de maquinas no interior de cada moradia, que consta com uma ETE (estação de tratamento de esgoto) compacta, ETA (estação de tratamento de água) compacta, compactador de lixo seco, composteira elétrica, mantas fotovoltaicas, gerador diesel box in a box, entre outros, fazendo com que cada moradia seja responsável pelas instalações básicas, e autossuficiente.
O trapiche além de ter a função de passeio, no seu interior consta com depósitos individuais para cada moradia, e brinda o apoio das instalações básicas. É o encarregado de depositar o lixo ate sua retirada pelas comportas laterais accessíveis preferencialmente por embarcações de porte pequeno a médio. Fornece água tratada e eletricidade para o uso das embarcações de apoio e da escola.

O projeto utiliza a arquitetura como ferramenta para guiar aos usuários a um estilo de vida sustentável, onde há uma busca por uma melhor qualidade de vida que cuide não só do usuário, mas também do meio no qual se encontra, e o valorize.

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