Localizada a 15km da área central da cidade de Caxias do Sul, a Região de Forqueta foi cenário de importantes transformações econômicas e sociais para o município e região. A localidade conserva traços de sua ocupação original através da permanência de casarões antigos, igrejas centenárias, bem como a culinária e tradições passadas de geração em geração.
Em 1929, durante a “Grande Depressão”, os produtores de uva e vinho viram na criação da Cooperativa Vitivinícola Forqueta, primeira deste seguimento na América Latina, a oportunidade de superar a crise econômica que assolava a região. Esta, ganhou tamanha importância que se tornou referência para o surgimento de outras cooperativas na Serra Gaúcha.
Após 90 anos, mantém-se ativa, porém com pouca expressividade e redução na sua produção. Hoje, configura-se principalmente como um equipamento sociocultural para a comunidade forquetense, onde, em suas dependências, abriga o Museu da Uva e do Vinho Primo Slomp e também o Ponto de Cultura Costurando Sonhos. Seus espaços abertos são palco para eventos de cunho local e regional, a exemplo da Festa do Vinho Novo. Além disso, integra o Roteiro Turístico Vale Trentino, sendo ponto de partida para os turistas.
Visto que a Cooperativa atua como o “coração” de um sistema de edificações de valor patrimonial, presentes no centro histórico do bairro Forqueta, optou-se pela elaboração de um Masterplan Estratégico para essa área. Sendo assim, estabeleceu-se um plano macro de intervenções, dando novos usos a esses edifícios abandonados ou subutilizados. Criou-se setores distintos, atendendo às demandas da comunidade e incrementando o roteiro turístico, hoje defasado. Além disso, o Masterplan possibilitou a discussão e entendimento sobre as inclinações de casa espaço, e reforçou ainda mais a vocação cultural e turística das edificações históricas da Cooperativa.
Com relação ao partido geral, buscou-se restabelecer o conjunto edificado original da Cooperativa, que foi se perdendo ao longo dos anos a cargo de ampliações e descaracterizações sofridas. Desta forma, as edificações preservadas em função do seu valor simbólico arquitetônico ganharam usos sensíveis a sua relevância histórica.
A edificação tombada, configurada como “edifício original”, que teve sua construção iniciada em 1932, foi convertida em centro cultural, atuando na perpetuação da memória local. Sendo assim, seu espaço museológico atual ganhou maior destaque e acrescentou-se outros espaços complementares. O Ponto de Cultura, também presente em suas dependências, recebeu ambientes amplos e adequados para seu funcionamento. Para o setor da nova Cooperativa, implantou-se um edifício compatível às demandas atuais de vinificação e foi elaborado de forma a estimular o enoturismo. Os espaços abertos adjuntos ao complexo articulam os diferentes usos (produção, cultural e gastronômico), e atuam como palco para as manifestações culturais e festivas do bairro.
Sendo assim, o Complexo Cultural Enoturístico Forqueta nasce com o mesmo princípio que os colonos forquetenses tiveram em 1929: um equipamento do povo, para o povo. Atuando na manutenção da cultural local, do patrimônio material, possibilitando novos usos, tendo reflexos econômicos e reforçando o senso de comunidade.
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