Centro Cultural Thalia
No extremo sul do Brasil, isolada e insólita, vivia a população de Santa Vitória do Palmar que, distante das capitais brasileiras e uruguaias, necessitava produzir sua própria arte; o isolamento aliado ao desejo pela arte, forjou em um grupo de jovens – Sociedade Dramática Thalia (1904) – a aspiração de erguer uma casa de artes que viesse a elevar o nível cultural da pequena cidade.
Em 1930, após muito trabalho, doações e envolvimento de toda população local ergue-se o Theatro Independência, tornando-se símbolo de avanço e troféu de um árduo trabalho iniciado no coração de alguns jovens – lograram edificar um Theatro de alto nível feito com participação de toda população.
Atualmente essa casa – tombada pelo IPHAE desde 2011 – outrora símbolo do esforço de um povo, se encontra interditada por problemas de PPCI e questões estruturais da cobertura. Deste modo, uma edificação de valor cultural e social vai sendo percebida pelas novas gerações como “apenas um prédio velho no centro da cidade”.
Esta proposta tem como principal objetivo “ressignificar o Theatro perante a população”, devolver-lhe seu papel de importância para a população através de sua reativação. O lote onde está inserido tem 60% de sua área disponível, na qual é proposto o Centro Cultural Thalia – um novo e moderno espaço de ensino, produção e manifestação das artes, tendo como essência devolver aos palcos do Independência grupos de teatro, dança e música.
A nova edificação não é um elemento que se sobrepõe ao Theatro, mas sim um complemento a antiga casa; também não é esta nova edificação um processo iniciado neste trabalho, mas sim uma continuação do esforço e desejo originário no Grupo Thalia em 1930.
A capacidade de transmissibilidade (conceito de Cesari Brandi) diz respeito ao potencial de uma determinada obra seguir viva durante inúmeras gerações; o Theatro se manteve por um século e agora necessita de um plano estratégico que o permita seguir transmitindo-se para as novas gerações mantendo sua essência original – uma casa de arte do povo.
O Centro Cultural Thalia é composto por salas de aula, ensaio, dança, concerto, estúdios de gravação, espaço de exposição e um palco multiconfiguracional; permitindo uma vasta possibilidade de eventos a serem realizados – fator importante para o sucesso da casa em um município pequeno. A nova edificação dispõe de sistemas de isolamento e tratamento acústico, permitindo que se converta em um espaço de referencial internacional Brasil-Uruguai; visto que está localizado exatamente na metade do trajeto entra a capital gaúcha e a capital uruguaia.
A principal intervenção direta no Theatro Independência é a remoção da caixa cênica, que não atende aos padrões atuais de urdimento, estando totalmente deteriorada – tal intervenção foi realizada no Teatro Solis em Montevideo. Também é proposto que a antiga sala de dança se converta em uma cafeteria, visando que mesmo em momentos sem atividades no Theatro, sua fachada possa se manter sempre viva e em evidência, convidando as pessoas a adentrarem este espaço que as pertence.
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