As ruas estruturantes das cidades exercem uma importante função de costura urbana municipal. Estes locais atraem um grande fluxo de transeuntes e tornam-se locais com forte presença de comércio e serviço. As ruas com tais características são consideradas centralidades lineares: eixos que exercem função de centro na sua extensão linear. O trabalho busca refletir sobre o tema em Porto Alegre e foi desenvolvido em duas etapas: a primeira de identificação e análise de centralidades na cidade e a segunda em um estudo de caso com uma dessas ruas, resultando em um projeto de redesenho viário e de espaços públicos.
Em muitas centralidades, solucionar a demanda de tráfego se torna prioridade, o que acaba por ocupar grande parte da caixa viária e deixa os pedestres sem espaços adequados. A não priorização do transporte público e ativo também é comum, mesmo em ruas com alta circulação de linhas e ruas presentes no Plano Cicloviário da cidade.
A identificação na escala municipal foi feita unindo três variáveis: a classificação viária definida pelo Plano Diretor da cidade, selecionando as ruas que fazem conexões interbairros – arteriais; um recorte de renda por setores censitários do Censo IBGE 2010 e a concentração de alvarás comerciais nas ruas. Essa delimitação de variáveis resultou na identificação de 12 ruas, que foram classificadas considerando o seu perfil viário, o tipo de priorização do transporte público, a quantidade, a presença no plano cicloviário, a largura das calçadas e a presença de estacionamentos. Essa classificação resultou em um diagnóstico e em diretrizes gerais para o estudo de caso.
O eixo desenvolvido foi a Avenida da Azenha, que tem o maior número de linhas de transporte público do estudo, 84 linhas, tem a segunda maior densidade comercial da cidade, está presente no plano cicloviário da cidade e tem um perfil viário que não comporta todas essas atividades, tornando o espaço para o pedestre reduzido e incompatível com uma rua comercial. O eixo Azenha – João Pessoa faz uma importante conexão do centro com o sul da cidade, além de fazer parte do traçado da segunda perimetral, que conecta a região do Menino Deus com o Rio Branco.
Primeiramente, foram desenvolvidas análises morfológicas, como de sintaxe espacial da rua e da forma edificada na avenida, análises de fluxos, identificando nós de conflito viário, análises de Caminhabilidade, aplicando o Índice de Caminhabilidade (ITDP-Brasil) para identificar problemas físicos e investigação de percepção da rua com questionário presencial e virtual. A partir disso, os problemas foram espacializados e diretrizes foram propostas para solucioná-los.
Como resultado, o eixo viário foi redesenhado, com implantação de faixa exclusiva para ônibus, ciclovias e com a reformulação dos fluxos da rua. Essas mudanças, juntamente com o redesenho dos nós conflituosos e abertura de novas vias aumentando a permeabilidade do tecido, complementando os espaços disponíveis, o que possibilitou projetar espaços públicos. Dois destes projetos foram escolhidos para serem detalhados, a Praça Princesa Isabel e uma rua pedonal que foi criada para conectar a Azenha com o binário de fluxo proposto, a Rua Florianópolis.
Centralidades lineares em Porto Alegre: uma proposta para a Azenha
Autor:
Camille Coussirat Piazza
Orientador:
Eugenia Kuhn e Geisa Rorato
Instituição:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Data:
2018-2
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