O trabalho de conclusão de curso Antigualhas: Reminiscências da Rua Comendador Coruja propõe um plano de revitalização desta pequena rua, parte da história da cidade de Porto Alegre desde 1909. Localizada entre o Centro Histórico e o Quarto Distrito, seus 440 metros, correspondentes a duas quadras, se estendem entre três importantes radiais que conectam a área central aos acessos rodoviários do norte: as avenidas Cristóvão Colombo e Farrapos e a rua Voluntários da Pátria – que margeava o rio Jacuí e possuía uma linha ferroviária antes das obras de aterros da segunda metade do século XX. A região era uma das frentes de expansão da cidade, em um período de crescimento e industrialização. Atualmente, o crescimento urbano desordenado reforçou a desconexão entre as duas quadras, em termos de percurso e em relação às suas condições econômicas e sociais. Apesar de grande parte de suas edificações serem inventariadas, alterações grosseiras das edificações e demolições cada vez mais frequentes vão desconfigurando o conjunto, apontando falhas no programa de proteção do patrimônio histórico e cultural. Seu caráter segue sendo o de uma rua interna de bairro, com baixo fluxo de veículos e pedestres, além de abrigar um patrimônio significativo e heterogêneo, formado por tipologias de várias épocas, como o casarão 372, sede do Coojornal de 1975-83, ativo na resistência à ditadura militar, e quatro obras das décadas de 1910-20 do arquiteto alemão Theo Wiederspahn: a residência do arquiteto; os armazéns de Schwarz, Homrich & Cia, a Casa Dillenburg e a Cervejaria Bopp, marcando o encontro da rua com a Cristóvão Colombo. Este cenário representa uma oportunidade de projeto: um plano para a rua Comendador Coruja, cujo principal objetivo é a urgência de salvaguarda do lugar, propondo soluções relativas ao patrimônio cultural e suas potencialidades: restauro e refuncionalização das edificações históricas, proposição de novas tipologias capazes de preencherem os vazios e reforçarem as características históricas do contexto, alterações de perfis viários, inserção de espaços abertos públicos qualificados e obras de infraestrutura. A intervenção busca recuperar a pequena rua, mas promove o desenvolvimento sustentável da região como um todo. A partir de uma problematização do presente, o plano se insere entre o normativo e o particular, construindo uma ponte entre o passado-memória e o futuro-desejo configurado pelo projeto.