O presente projeto consiste, sobretudo, na revitalização do porto histórico da cidade de Rio Grande, estado do Rio Grande do Sul, conhecido também como Porto Velho. A proposta visa aproveitar os cinco armazéns existentes e as duas grandes faixas pavimentadas do cais e da rua adjacente aos armazéns para criar um parque linear urbano e um novo centro de cultura e lazer às margens da Lagoa dos Patos. A intenção é promover um espaço público de referência e qualidade, que possa atender a população que mora e trabalha na área central de Rio Grande, mas que também seja capaz de atrair pessoas de diferentes pontos da cidade para reconectar o cais abandonado ao cotidiano rio grandino.
A Rio Grande do início do século passado, tinha seu centro histórico intimamente voltado para o cais do Porto Velho, com o Mercado Público em uma de suas extremidades, as trocas comerciais, mas também culturais eram intensas. O local era a principal porta de entrada e ligação da cidade com o mundo. Porém, com a execução do aterro para ampliação do cais e a construção dos armazéns na década de 1920, a conexão com a Lagoa dos Patos foi transformada ao longo da Rua Riachuelo.
A inauguração do Porto Novo pouco tempo depois também foi responsável pela mudança na paisagem local: o antigo porto mal havia se consolidado e já entrava em decadência. O porto histórico passou a receber apenas pequenas embarcações locais, fechou seus portões para a cidade e pouco a pouco seus armazéns ficaram praticamente sem uso. Hoje, por não abrigar atividades de permanência, sofre com o abandono e degradação e apesar de dispor de dois museus, a população em geral não tem conhecimento disto. A Rua Riachuelo com seu amplo gabarito virou um mero estacionamento; em uma de suas extremidades, a fila de caminhões pesados para embarque na Balsa interpõe-se ao conjunto histórico; na outra, o terminal hidroviário decadente bloqueia a via; e o acesso à beira da água continua ao longo de cem anos obstruído e distante da população.
Para solucionar o problema de abandono do porto, buscou-se, como em outros casos semelhantes, a refuncionalização do local através das três ações básicas que orientaram o desenvolvimento do projeto. São elas: A qualificação dos espaços abertos, com a criação de áreas externas de encontro e convivência voltadas para a Lagoa e espaços para atividades recreativas; a eliminação das barreiras físicas que impedem ou dificultam a ligação cidade-cais, como as grades e muros de proteção entre os armazéns e a falta de acessibilidade da população ao local; e a ocupação dos cinco armazéns pré-existentes, com um programa de centro cultural. Outros usos dados ao espaço são novas áreas adequadas para o terminal hidroviário e embarque da balsa e uma marina para pequenos barcos pesqueiros e de passeio.
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