A produção e o consumo sustentáveis de alimentos são uma demanda urgente da sociedade, não apenas no Brasil, como no mundo. Em um contexto de escassez de recursos naturais, frequentes mudanças climáticas e uma sociedade fortemente atingida pela insegurança alimentar, ampliar o acesso e oferta de alimentos com menor impacto ambiental e buscar reduzir as perdas e desperdício devem ser uma prioridade.
Nesse sentido, a agricultura urbana surge como uma possível solução não apenas para o problema da insegurança alimentar nos grandes centros, mas também responde a outras questões interrelacionadas com diversos sistemas urbanos, como a gestão de resíduos, a saúde, o uso do solo, a possibilidade da redução de distâncias entre produção e consumo evitando perdas, o uso de espaços ociosos na cidade, o aproveitamento do lixo doméstico e a geração de uma atividade ocupacional com consequente geração de renda. Além disso, é capaz de intervir diretamente na adaptação das cidades às mudanças climáticas e a crises sanitárias – como a recente pandemia de COVID – 19.
Este trabalho busca aliar os usos da produção agrícola urbana consciente e sustentável, a comercialização de alimentos a baixo custo com usos voltados à educação e profissionalização em um equipamento pautado nas premissas da arquitetura sustentável, aberto para a participação da comunidade, a fim de reduzir os danos ao meio ambiente, a insegurança alimentar e o desperdício de alimentos e, ainda, viabilizar um polo gerador de empregabilidade, renda, e educação voltado para pessoas que se encontram em vulnerabilidade social.
A [a]colher, Fazenda Urbana proposta no presente trabalho, busca explorar os modos de cultivo agrícola protegido, todos pautados nos preceitos da agroecologia e tecnologia aplicada em agricultura, promovendo ecossistemas produtivos sustentáveis, com máxima preservação de recursos naturais e mínima dependência de energias externas e substâncias agroquímicas. A produção se destinará ao comércio dos produtos e subprodutos a baixo custo em feiras, vendas por assinatura ou sistema colhe-pague, setores responsáveis pela viabilidade econômica do conjunto, sendo assim uma instituição de inovação empresarial. Só é colhido o produto que já está destinado a algo ou alguém. O que sobra ou passa da época da colheita, vai para as composteiras e/ou para um biodigestor, que produzirá energia para manter o edifício, com desperdício beirando a zero.
A proposta é que a fazenda conte com a participação da comunidade, ocupando vagas de emprego, usufruindo de oficinas de agricultura, de culinária, compostagem e educação alimentar e nutricional, a fim de ensinar a população – principalmente a parcela mais vulnerável – a produzir alimentos nas suas comunidades, a preparar refeições nutritivas e com aproveitamento total dos alimentos e também desenvolver uma vocação profissional nestas áreas, buscando a integração destas pessoas através da inclusão, da empregabilidade e informação focada em promover meios de garantir acesso e melhor qualidade da alimentação.
O local para o desenvolvimento da proposta está situado em um vazio urbano que atualmente serve como depósito de entulhos na zona norte de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, na região do chamado 4º distrito.
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