Polo da Cooperativa Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu: Reestruturação do Edifício do Antigo Correio e Telégrafo de Pastos Bons – MA

O presente projeto tem como temática a Reestruturação do edifício do antigo Correio e Telégrafo da cidade de Pastos Bons, no Maranhão, transformando-o em um polo da Cooperativa Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu (CIMQCB), cujos objetivos são, dentre outros, i) atrair olhares para o centro histórico do município de mais de 200 anos com rica história e que contém doze edificações de interesse patrimonial atualmente esquecidas devido à passagem da rodovia Transamazônica; ii) recuperar o edifício mencionado (atualmente abandonado) por sua arquitetura de destaque em relação ao entorno, sua história e sua importância ao imaginário local; e iii) valorizar as quebradeiras de coco babaçu do município que desconhecem a importância do seu laboro (reconhecido como bem cultural imaterial), dos seus direitos e dos benefícios de fazerem parte do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (responsável pela luta da causa, pela promoção de palestras e eventos de capacitação e fortalecimento da identidade dessas mulheres) e da CIMQCB (que estabelece o valor mínimo do quilo da amêndoa e diversifica os produtos provenientes do babaçu, agregando valor aos mesmos). E foi nessa tentativa de fornecer um espaço qualificado de produção de subprodutos de maior valor agregado, um espaço apto para o desenvolvimento das atividades do Movimento, de recuperar o patrimônio e de atrair visitantes para o centro histórico que o polo da CIMQCB de Pastos Bons foi concebido.
Na escala urbana, mapas esquemáticos foram propostos dada a necessidade de diretrizes específicas para a realidade local e, até mesmo, para a concepção arquitetônica, uma vez que o município não apresenta legislações concernentes. Na escala do lote (foco do presente trabalho) a edificação patrimonial foi reestruturada para receber os setores administrativos e o espaço de confraternização das quebradeiras, enquanto o setor propriamente industrial e o local de venda e consumo dos produtos foram alocados nas novas instalações. A premissa de dar um uso realmente efetivo à edificação histórica, aliada à morfologia da Palmeira de Babaçu (a “mãe-palmeira”) que foi aplicada no zoneamento, foram responsáveis pela distribuição dos setores que não só dão fluidez ao processo produtivo como configuram um percurso didático ao longo da edificação. Na “raíz” da Cooperativa está a edificação histórica com os setores que são a base do funcionamento da mesma e com uma sala de exposição; no “caule”, está o setor produtivo, onde o fruto vai se transformando em subprodutos de maior valor (nesse caso, a farinha e o azeite) tal como a seiva vai percorrendo o caule da palmeira; e, enfim, na “copa”, onde se encontram as folhas e frutos responsáveis pela disseminação da espécie, está o café-loja onde são apreciados e comercializados os produtos finais.
Por fim, quanto aos aspectos formais, a proposta de volumes puros contrapõe a arquitetura de matriz clássica do edifício pré-existente, deixando claros os diferentes períodos de construção. A unicidade do conjunto e respeito ao entorno se dá através do uso de materialidades originais do Correio (tijolo e telha de barro cozidos e reboco rústico) e da baixa altura dos novos volumes.

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