Habitar a memória: Requalificação do antigo Parque industrial Zivi-Hércules por meio de práticas sustentáveis

Habitar a memória: Requalificação do antigo Parque industrial Zivi-Hércules por meio de práticas sustentáveis

A ocupação da indústria no território porto-alegrense determinou grande parte da ocupação urbana da cidade. Os agregados residenciais estabeleciam-se através de vilas operárias no entorno dos parques industriais implantados, consolidando as regiões e criando vizinhanças em seu entorno. A evasão desse polo da região norte da cidade para a região metropolitana, ocasionou o abandono de mega estruturas como o Parque Industrial Zivi-Hércules que hoje representam quebras e vazios no tecido estruturado da região, principalmente no eixo Assis Brasil.

Vestígio entre a história industrial da cidade e o planejamento urbano da época, esse trabalho visa pensar em soluções para reintegrar esse espaço, como uma forma de promover vitalidade na vivência de ser e fazer cidade, aprimorando as capacidades para o planejamento, desenvolvimento social e para a gestão participativa, integrada e sustentável.

Sendo esse o ponto de convergência entre a área do antigo parque industrial e o desenvolvimento de cidades e comunidades sustentáveis, a finalidade é promover a requalificação de um vazio urbano industrial para fins de habitação e a reestruturação do tecido urbano do mesmo, através de estratégias de desenvolvimento sustentável com baixo impacto ambiental e moradia de qualidade, além de segurança, mobilidade e bem-estar de maneira a suprir a demanda atual e não prejudicar o desenvolvimento da cidade e sua infraestrutura existente, respeitando as condicionantes e particularidades de cada vizinhança e entorno imediato, admitindo a arquitetura, não só como promotora de novas formas de habitar, mas também capaz de intervir na qualidade do que já está bem estabelecido.

O programa prevê 4 pontos chave: Habitação horizontal com economias que contenham estratégias de eficiência energética; Áreas comerciais através de espaços destinados ao oferecimento de bens e serviços; Áreas de vivência reforçando a urbanidade e ativação das fachadas, e Áreas de convívio como o parque linear, atuando como articulador dos espaços verdes e entorno, destinados ao encontro da vizinhança.

O partido estabelecido mantém uma relação direta entre o edifício e o desenho urbano conformado pela disposição dos blocos habitacionais, buscando a construção de cidades mais adequadas às dinâmicas contemporâneas e atender às necessidades da produção habitacional em larga escala dando grande importância ao desenho na escala humana. Os blocos configuram pátios e passagens, de modo a criar situações agradáveis no cotidiano dos moradores, permitindo o circular sombreado sob as copas das árvores e também a permanência sugerida por bancos e estares. Em meio a essa disposição a costura entre dois trechos de via que eram dividos pela antiga implantação fabril conformam agora uma conexão por uma rua compartilhada, a fim de promover essa passagem e a dinâmica entre essa grande área. Consolidando-se em um eixo de residências unifamiliares que proporcionarão vitalidade e integração dessa passagem com a dinâmica habitacional dos “olhos da rua”.

A proposta busca integrar: o edifício, a quadra, a cidade e a escala humana, que tem nessa situação um entorno incomum, circundado por canteiros.

Deixe seu comentário