O presente trabalho consiste na proposição de um masterplan para uma zona de intervenção dentro dos limites do Parque Estadual de Itapeva, com base no Plano de Manejo e Plano de Uso Público do Parque, realizados pelo Instituto Curicaca e Fundação Zoobotânica do Estado, tendo como foco central o desenvolvimento do projeto arquitetônico do centro de visitantes e paisagístico para seu entorno imediato.
O Parque, apesar de cumprir satisfatoriamente sua função de preservação, carece de infraestrutura e enfrenta desafios como falta de investimentos e conflitos locais. Tendo em vista o cenário global em relação às mudanças climáticas do Antropoceno, o trabalho propõe-se a reafirmar a importância da preservação da biodiversidade e do cumprimento das leis ambientais conforme definição do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, fortalecendo a Unidade de Conservação de Itapeva e suas potencialidades através do desenvolvimento do projeto arquitetônico de um equipamento público que impulsione seu pleno funcionamento como parque. O objetivo central é valorizar a área a partir da requalificação das infraestruturas, reforçando o papel do Parque como espaço de educação ambiental, recreação em contato com a natureza e turismo ecológico.
O centro de visitantes é projetado em uma área antropizada, buscando reduzir o impacto ambiental, onde uma árvore existente de grande porte estabelece um marco referencial de centralidade e recepção ao acesso do edifício, articulando o fluxo para os programas dispostos. Uma grande cobertura solta da edificação cria a sensação de uma praça aberta coberta. O programa é setorizado em espaços de uso comum e espaços de serviço, regulados por um grid modular que ordena e possibilita a geração de cheios e vazios que libera as visuais, estabelecendo uma relação genuína entre espaço interior e exterior que mescla o ambiente construído com o natural. Esta relação potencializa a integração dos usuários com a natureza circundante, reconhecendo a mesma como elemento principal do projeto. O auditório é posicionado de forma a aproveitar o declive natural do terreno, otimizando o uso do espaço. A estrutura do projeto utiliza madeira lamelada colada de eucalipto, buscando sustentabilidade, eficiência construtiva, economicidade e pré-fabricação, reduzindo o tempo de obra no local. A proposta visa atender também questões de conforto ambiental, lançando mão de estratégias de arquitetura bioclimática, através do sombreamento e distanciamento da cobertura e do solo, afastando-se da umidade ascendente e aproveitando-se do percurso solar e dos ventos para iluminação e ventilação naturais.
Além disso, o projeto propõe o redesenho da estrada interna para criar um acesso mais qualificado para os pedestres. Infraestruturas de paisagem, como pequenas praças e mirantes, conectados por um percurso de deck elevado, fortalecem a relação do ambiente construído com o território.
A iniciativa visa não apenas melhorar a infraestrutura da área, mas também promover a conscientização ambiental e o envolvimento da comunidade local na preservação da natureza. Diante das ameaças ao Parque, como a falta de proteção no novo plano diretor da cidade de Torres, o projeto destaca-se como uma resposta essencial para garantir a integridade, o reconhecimento e a valorização do mesmo.
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