São Gabriel, História e Patrimônio: Projeto Interpretativo para o Centro Histórico

São Gabriel é uma cidade localizada no interior do Rio Grande do Sul, com cerca de 60000 habitantes e 217 anos de história. Fundada em 1800 pelo espanhol Félix de Azara, precisou mudar-se três vezes até finalmente estabelecer-se e prosperar. O nome veio em 1808, quando um incêndio atingiu a (na época) Vila de Batovi, restando apenas a imagem do arcanjo Gabriel, padroeiro da cidade, intacta.
Ao longo dos anos, São Gabriel foi reconhecida pelos mais diversos aspectos: sua localização privilegiada fez com que a chamassem de Princesa das Coxilhas; seus vultos ilustres conferiram-lhe o título de Terra dos Marechais; a diversidade de instituições religiosas, educandários, clubes, teatros e cinemas durante o século XX a deixaram conhecida como Atenas Riograndense; e é o Último Reduto dos Carreteiros, pois pode-se ver ainda hoje nas suas ruas as carretas puxadas por bois, onde os homens do campo levam seus produtos para vende-los na cidade, tradição praticamente extinta no estado.
Mesmo possuindo história e cultura riquíssimas, percebe-se o desconhecimento e consequente descaso por parte da população. Ainda existem muitas dificuldades no que tange a valorização do patrimônio edificado no Brasil, e tratando-se de cidades de pequeno porte, esse assunto é ainda mais delicado. É importante salientar que os testemunhos remanescentes dessas localidades são igualmente dignos de reconhecimento, visto que preservação de bens edificados ou sítios urbanos não deve ser associada exclusivamente a sua concepção formal, mas sim a importância que aquele determinado bem tem no contexto em que foi inserido.
Em São Gabriel, o ritmo lento de crescimento que teve ao longo dos anos fez com que diversos casarões permanecessem vivos ao longo do tempo, e apesar de existirem políticas públicas municipais a respeito do patrimônio municipal, percebe-se que, na prática, deixa a desejar. O projeto interpretativo para o centro histórico de São Gabriel, área correspondente a 100 hectares, vem para resgatar os aspectos histórico-culturais do município através da própria cidade, valorizando os elementos patrimoniais e assim, fortalecer a identidade gabrielense. Investir em um projeto interpretativo é instigar o usuário a (re)descobrir a cidade sob diversas perspectivas, a ter um contato mais ativo com a sua história, faz com que o valor dessa experiência perdure mais tempo na memória individual e no imaginário social.
Para o desenvolvimento do projeto interpretativo, toma-se como base o levantamento histórico e iconográfico realizado, além do inventário do patrimônio municipal, e chega-se às rotas: Histórica, Militar, Cultural, Casarões e Memória. Levando-se em consideração a experiência do usuário, o projeto de sinalização urbana foi pensado para que as rotas sejam percorridas guiado ou mesmo sozinho. Como material de apoio aos passeios, desenvolveu-se um livreto com todas as informações pertinentes às edificações, que podem ser acessadas também através do site desenvolvido, com a praticidade de poder ser acessado através dos QR codes instalados nas fachadas, e claro, em qualquer lugar do mundo a partir do endereço eletrônico, contribuindo para a difusão e fortalecimento da identidade e história local, dando visibilidade e força para a questão patrimonial na região e estado.

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