Santuário Animal – Proposta de um santuário para animais de fazenda na cidade de Erechim-RS.

Santuário Animal

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), só durante o ano de 2019 a atividade pecuária no Brasil foi responsável por quase 6 bilhões de mortes de animais não humanos para consumo. Em um contexto em que animais são explorados de diversas formas pela indústria pecuária para servirem de alimento, em nome da ciência e pelo entretenimento humano, o veganismo surge como um movimento de luta pelos direitos animais, na contramão da cultura massiva de exploração animal. Dentro do movimento, o ativismo e a militância acontecem de diversas maneiras, fazendo uso de várias ferramentas, dentre essas, os Santuários Animais.

Um santuário animal é um espaço criado com o objetivo de acolher animais não humanos, sejam eles de vida selvagem, pets, animais resgatados da indústria agropecuária, indivíduos em situação de vulnerabilidade, doentes, prestes a serem sacrificados ou animais que necessitam de um lugar seguro e preparado para suprir suas necessidades básicas, capaz de promover conforto pelo tempo que for preciso.

O objetivo geral deste trabalho foi desenvolver uma proposta de anteprojeto arquitetônico e paisagístico de um Santuário Animal, para atender animais de fazenda de Erechim – RS e região. Para tanto, buscou-se compreender sobre os direitos dos animais, seu bem estar e as necessidades básicas das principais espécies a serem acolhidas, por meio de pesquisas bibliográficas e documentais. Foram identificados e estudados santuários animais já implantados, para entender os diferentes funcionamentos e possibilidades desses espaços. A partir disso, foi identificado um local adequado para o desenvolvimento da proposta de um santuário em Erechim e realizadas análises das condicionantes.

As diretrizes projetuais partiram da busca pelo menor impacto possível na paisagem, ao propor edificações com o objetivo de estabelecer harmonia e ao mesmo tempo exaltar a estética natural do entorno, além de conservar e adaptar o projeto ao relevo natural sem comprometer a vegetação nativa do terreno. Tal pensamento também permeou escolhas em relação a materialidade, onde optou-se pela utilização de materiais e modos de construir que se alinhassem com uma proposta de baixo impacto ambiental e de preservação de recursos. Também buscaram-se soluções eficientes para proporcionar conforto ambiental para os usuários dos espaços projetados, como técnicas de aquecimento solar passivo e aproveitamento da inércia térmica do solo. Grande parte dos materiais empregados são utilizados em sua forma natural, dispensando longos processos de produção, transformação de matéria prima e gastos energéticos.

Foram feitos levantamentos gerais acerca da fisiologia, anatomia, ergonomia e características comportamentais dos residentes não humanos a serem acolhidos no Santuário, para que se pudesse entender com maior profundidade seus corpos, comportamentos e necessidades espaciais. O desenho dos recintos partiu da premissa de plantas livres, onde os animais teriam espaço suficiente para se locomover e a possibilidade de escolher onde se recolherem para dormir. Dessa forma, o desenho não ortogonal surgiu como uma opção que permitiu adaptações necessárias dependendo da localização de sua implantação. As formas orgânicas das paredes também criaram recantos acolhedores e diversidade de posicionamentos internos por parte dos residentes.

Parecer do júri

DESTAQUE Arquitetura de contexto rural, o projeto apresenta uma implantação muito sutil por meio de percursos na paisagem natural em consonância com a topografia e o curso d’água. Apresenta detalhada pesquisa das demandas dos animais contemplados com o projeto e, ainda que propondo para cada espécie um módulo específico, cria um sistema comum de identidade construtiva a partir de materiais orgânicos.

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