O Projeto é uma requalificação do parque Jardim Botânico de Porto Alegre, que se encontra degradado e sem uso em virtude da negligência ambiental em relação ao sítio nos últimos anos.
O trabalho busca fazer uma análise tanto do passado e da bagagem botânica e cultural do parque como da sua futura importância e imponência como área verde e espaço de educação ambiental.
A partir disso foi considerada uma nova organização urbanística, arquitetônica e botânica do sítio, para que, assim como um espaço de contemplação e imersão à natureza , o parque também possa vir a ser um espaço de convivência, educação e cultura.
Para reorganizar o espaço, foi proposto um novo arranjo das edificações de apoio, divididas em cinco polos: acesso, pesquisa, educacional, institucional e cultural. A circulação foi planejada em três níveis de prioridade, com o caminho principal oferecendo uma experiência contemplativa da paisagem. A nova distribuição das espécies botânicas visa destacar a biodiversidade e os biomas do Rio Grande do Sul, representando o bioma Pampa e a Mata Atlântica nas áreas do parque, priorizando a mínima realocação da vegetação atual.
O acesso ao parque antes voltado para veículos, agora é um pórtico recuado, proporcionando uma entrada mais receptiva. O estacionamento de visitantes foi realocado para junto do pórtico, permitindo circulação exclusiva de pedestres no parque. O trânsito interno no parque é realizado através de veículos elétricos de pequeno porte, que possuem pontos estratégicos de paradas conforme o roteiro de visitação. O equipamento educacional está em uma área antes inacessível, às margens do lago, abrigando atividades educacionais para escolas e universidades. Retomando o uso da área onde se localizavam os antigos prédios da FEPAM, a nova instalação de pesquisa abriga laboratórios, viveiros e espaços de exposição de vegetação. Para ampliar o espaço do Museu de Ciências Naturais, a função administrativa foi transferida para uma nova edificação no parque, proporcionando um ambiente de trabalho integrado à natureza. O novo espaço para espetáculos aproveita a declividade do terreno para a plateia, oferecendo visão panorâmica. Próximo a ele, haverá esculturas e exposições ao ar livre, promovidas pela Secretaria Municipal de Cultura para integrar arte e natureza.
Foram propostas edificações de apoio à rota cultural que auxiliam na permanência do parque, como módulos de sanitários, quiosques de alimentação e um mirante vertical que possibilita o visual do entorno através da permeabilidade da vedação. Proporciona a visualização de vários estratos da vegetação pelas aberturas e enquadramentos posicionados ao longo da subida.
As edificações possuem o módulo interno descolado da parte superior, de forma a possibilitar maior conforto térmico no ambiente, e sua estrutura em MLC possibilita uma captação de carbono juntamente com a produção de energia através das placas solares nos telhados. A escolha da cor vermelha para os módulos internos das edificações e para o mirante foi planejada para criar um contraste marcante com o verde da paisagem natural ao redor, destacando de forma clara a presença e a intervenção humana no ambiente.
Revitalizando Ecossistemas: Requalificação do Parque Jardim Botânico de Porto Alegre com Espaços Educadores e Integração Sustentável com a Natureza
Parecer do júri
Em um contexto de mudança climática onde a perda de biodiversidade se configura como uma das principais crises enfrentadas, e a desconexão do homem com a natureza uma das principais causas desse fenômeno, o trabalho se destaca ao eleger como área de estudo o Jardim Botânico de Porto Alegre, equipamento de extrema importância como estrutura de conservação e de educação. A partir da crítica ao processo de progressiva negligência por parte dos governos locais, que resulta em esvaziamento de funções e perda sistemática de território, o trabalho promove um resgate de sua bagagem botânica, cultural e de seu papel ecológico. Através de uma nova organização programática, com acréscimo de usos e de novos equipamentos, o projeto estabelece uma rede de caminhos e conexões que incentivam o passeio através de diferentes fitofisionomias. Juntos, ambiente vegetal e construído resultam em uma composição harmônica e de especial valor estético, muito bem representados através de uma diagramação clara e elegante, e da escolha precisa de imagens ilustrativas.
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