Requalificação do Conjunto Habitacional Santa Bárbara

A proposta consiste na requalificação do Conjunto Habitacional Santa Bárbara no município de Cruz Alta. Conforme a Secretaria de Habitação Municipal, o déficit habitacional no município chega a 3.000 famílias. Neste contexto, o Conjunto Habitacional Santa Bárbara, localizado no Bairro do Sol, é resultado da segregação sócio espacial a que grande parte dos conjuntos habitacionais de interesse social brasileiros está condenada. O complexo construído entre os anos de 1982 e 1988 está implantado em uma área de 50.000 metros quadrados, comporta 13 blocos de 48 apartamentos totalizando 624 unidades habitacionais, há pelo menos cinco blocos condenados a demolição, conforme laudo técnico emitido pela prefeitura municipal, configurando pontos vulneráveis no diagnóstico da área. A proposta busca intervir na área do Conjunto e no entorno imediato, bem como atender parte do déficit habitacional no município. Visa ainda reabilitar os edifícios que possuem condições estruturais para que cumpram sua função social, juntamente com a inserção de equipamentos públicos de lazer, convivência e institucional, em substituição aos blocos condenados. Para estabelecer o programa de necessidades e o partido arquitetônico do conjunto e entender o impacto de seu estado atual para os moradores do entorno, buscou-se estabelecer um diálogo com a população local além de considerar os depoimentos de ex-moradores, principalmente os mais antigos que residiram quando o conjunto foi construído. A partir da ideia da formação das identidades, a influência que o lugar tem nessa formação e considerando a situação atual do Conjunto percebeu-se a importância da inserção de elementos que contribuam para a APROPRIAÇÃO daquele espaço, visto que atualmente parte das áreas destinadas ao uso comum possuem ocupações irregulares e o restante se apresenta degradada. Esses elementos públicos funcionam como eixos estruturadores, proporcionando à comunidade espaços atrativos e flexíveis que gerem o sentimento de apropriação e PERTENCIMENTO, contribuindo para a formação de uma IDENTIDADE coletiva local. Como principal diretriz, priorizou-se a distribuição de pontos atrativos, buscando proporcionar um fluxo de pessoas contínuo em toda extensão do conjunto. Desta forma foi pensado o zoneamento distribuído em zona esportiva, de eventos, institucional, praça seca e a área comercial como eixos estruturadores da proposta. Além disso, novos blocos habitacionais também foram propostos, bem como o retrofit dos blocos existentes, com a anexação de uma área de serviço coletiva em cada pavimento, espaço este tão importante e inexistente em grande parte das tipologias originais. Espaços voltados para fins comerciais foram inseridos no pavimento térreo de um dos blocos habitacionais, este usado como um do pontos principais de atração o qual visa estimular a circulação dentro do conjunto habitacional. Nos novos blocos residenciais o pavimento térreo é composto por tipologias habitacionais acessíveis e também um espaço para pequenas reuniões de condomínio e pequenas comemorações. Um salão de festas foi proposto junto ao bloco institucional, este, com o intuito de comportar maiores reuniões, seminários, e cursos para a comunidade. O direito a moradia não se dá somente por habitar um espaço, e sim através da apropriação, bom proveito e identificação de um lugar.

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