O esqueletão é uma estrutura marcante, um edifício inacabado com quase 70 anos de história, localizado no coração da cidade de Porto Alegre, na esquina entre a Av. Otávio Rocha e R. Marechal Floriano Peixoto. O edifício idealizado com uma galeria no térreo e salas comerciais nos demais pavimentos, nunca foi plenamente utilizado, tendo somente ocupações irregulares durante sua existência.
A partir da discussão em torno da sua demolição surgiram questionamentos: Sua demolição é mesmo necessária? E fosse realizada uma requalificação? Portanto, a partir de conversas com profissionais que aventaram a possibilidade de recuperação, o trabalho foi desenvolvido em torno desta hipótese. Como argumentos para requalificação da estrutura, se enquadram tanto o aspecto sustentável, dado que a adaptação da estrutura impacta em um menor descarte de resíduos da construção bem como uma menor demanda de recursos.
Ao longo da pesquisa verificou-se outras potencialidades na região, como o antigo Cine Teatro Carlos Gomes no lote aos fundos, edificação eclética do início do séc. XX, e que foi por décadas um dos importantes cinemas de rua do centro de Porto Alegre até seu fechamento em 2002. A partir destas descobertas, portanto, foi elaborada uma operação aos moldes da Praça das Artes, obra do escritório Brasil Arquitetura, resultando uma edificação multiuso, que incorpora 4 lotes e cria uma nova conexão entre a R. Marechal Floriano Peixoto e a R. Vigário José Ignácio.
O programa do projeto inclui usos comerciais nos primeiros pavimentos, com uma galeria comercial que remete à tipologia característica do centro e se conecta com a famosa Galeria do Rosário. Ainda no térreo, o espaço do Cine Teatro Carlos Gomes teve o interior remodelado, transformando-o em um espaço multiuso, que traz inspirações do teatro romano, que traz o conceito de praça coberta, com um espaço que pode ser desfrutado pelos transeuntes em momentos sem espetáculos. Os pavimentos intermediários, de uso educacional, são destinados à nova sede do Instituto de Artes da UFRGS, atualmente localizado na R. Senhor dos Passos em uma situação precária. Os últimos pavimentos do edifício, se destinam à Pinacoteca “xx”, bem como um mirante que permite apreciar visuais para o Guaíba e que ao mesmo tempo serve de ponto inicial do percurso da Pinacoteca que finaliza em um terraço com acesso ao público. Ainda, o projeto engloba instalações artísticas na Praça XV, de forma a convidar o pedestre a adentrar a edificação e explorá-la, culminando na pinacoteca, elemento de destaque na volumetria do edifício.
Dessa forma, a proposta de requalificação busca dar uma nova vida ao edifício, utilizando da estrutura original, sem negar seu passado como “ruína” e expandindo-a de forma a atender as necessidades atuais, por meio de elementos contrastantes, mas mantendo uma relação formal.