REQUALIFICAÇÃO DE ÁREAS SUSCETIVEIS A INUNDAÇÕES E ALAGAMENTOS

Começo com a problemática baseada na evolução histórica das ocupações das grandes cidades, muitas iniciaram a partir das margens de rios, mares ou lagos, buscando o desenvolvimento do comércio e mercados de trocas através do transporte fluvial.
Este crescimento que aconteceu de forma rápida e desordenada, sem planejamento urbano prévio, acarretando diversas consequências que somada a degradação do meio natural, uso inadequado do solo, ocupações irregulares e a especulação imobiliária, causaram diversos desequilíbrios ambientais.
Sem tratamento adequado podemos comprometer a qualidade das águas nas áreas urbanas, causando impacto na saúde da população, além de dificultar o abastecimento humano, balneabilidade e irrigação do solo.
Portanto, essas famílias acabam ocupando áreas inadequadas para moradia, onde não há interesse imobiliário, procurando locais como encostas, topo de morros, beiras de cursos, corpos d’água e áreas alagadiças. Sendo o cenário de muitos bairros com alta vulnerabilidade.
Após as análises das escalas trabalhadas, definiu-se o local a partir da problemática citada, o recorte do bairro Restinga, localizado no extremo sul de Porto Alegre-RS.
Sendo os principais objetivos do projeto: A Proteção do meio natural, regeneração da fauna e flora local, implementação de infraestrutura verde e estabilização das margens, através do uso de mecanismos naturais.
A valorização da própria identidade do espaço e da comunidade, através da adequação do uso do solo, gerando infraestrutura e impulsionando a cultura e economia local.
E a integração visando promover espaços coletivos, propondo alternativas urbanas de convívio social, espaços de lazer e contemplação.
Analisamos a relação das intervenções urbanas propositivas com as estruturas urbanas já consolidadas do recorte escolhido, buscando a adequação da pavimentação, iluminação, mobilidade, acessibilidade e qualidade para o cotidiano das famílias. Para criar uma conexão entre o rio e a comunidade, facilitando o deslocamento dos usuários.
Estabeleceu-se limites naturais de preservação a partir do perímetro de APP, ampliando a faixa de vegetação natural das margens, também foram implementadas outras estratégias de infraestrutura verde e espaços de uso coletivo.
Os modelos de mobiliário urbano, vieram ao encontro com os espaços projetados, carregando a mesma identidade na materialidade escolhida, apenas alterando suas formas e uso.
Tendo em vista a construção da identidade cultural e social da comunidade, estreitando novos laços entre os símbolos representativos, com o patrimônio imaterial do bairro, sendo ele o bordão “tinga teu povo te ama”, junto com outras propostas que agregam a história da comunidade, criando uma relação direta com o espaço.
Foram implementados mecanismos naturais de tratamento e estabilização das margens dos arroios, também frente aos episódios de inundações e alagamentos.
“O QUE IMPORTA NÃO SÃO NÚMEROS, MULTIDÕES OU TAMANHO DA CIDADE E SIM A SENSAÇÃO DE QUE O ESPAÇO DA CIDADE É CONVIDATIVO E POPULAR; ISSO CRIA UM ESPAÇO COM SIGNIFICADO”- Jan Gehl.
Finalizo, citando uma frese do arquiteto urbanista Jan Gehl, servindo como referência para o processo de criação, trazendo um propósito para o projeto desenvolvido.

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