Planejamento Territorial das Paisagens Naturais e Culturais de Agudo (RS)

Este estudo propõe um planejamento territorial para as paisagens naturais e culturais de Agudo, RS, com foco no desenvolvimento sustentável e na preservação ambiental. A pesquisa valoriza as interações entre os contextos natural, cultural, urbano e rural, promovendo a integração das paisagens ao cotidiano da comunidade local. A abordagem compreende a paisagem como uma equação, em que o ambiente natural constitui o meio e a cultura, o agente transformador. Como ocorre em muitos pequenos municípios, Agudo enfrenta desafios relacionados à fragmentação de ecossistemas, impulsionada pela expansão urbana e agrícola, o que compromete a resiliência ambiental e os serviços ecológicos. O trabalho propõe uma abordagem integrada e sistêmica para planejar e preservar as paisagens do município. Inspirada em metodologias europeias, a pesquisa sugere a criação e apropriação da metodologia do “Catálogo da Paisagem”, um instrumento que integra aspectos naturais e culturais ao planejamento territorial. O estudo foi desenvolvido em duas etapas. A primeira consistiu em um diagnóstico detalhado das paisagens a nível municipal, com base em análises históricas e geográficas. Este levantamento culminou na delimitação de 10 Unidades de Paisagem (UPs), que refletem a diversidade do território, marcado pela transição entre os biomas Pampa e Mata Atlântica e por elementos significativos, como o Morro Agudo e as várzeas do Rio Jacuí. A segunda etapa concentrou-se na Unidade de Paisagem 04 (UP 04) – Morro Agudo e Cerro da Figueira – destacada por sua relevância ambiental, cultural e turística. Foram realizadas análises temáticas e visitas técnicas, além de levantamentos fotográficos para avaliar 20 paisagens da unidade. A percepção social foi coletada por meio de questionários online, permitindo a valoração da paisagem em categorias como natural, estético, histórico, social, produtivo e simbólico. As percepções obtidas contribuíram para a definição dos valores da paisagem e para o planejamento das rotas turísticas. Com base nos dados coletados, foi elaborado um macrozoneamento síntese, que orientou a delimitação de Unidades de Conservação, zonas de amortecimento e as rotas turísticas temáticas. Quatro rotas foram propostas: a Rota da Culinária e Cultura Rural, a Rota da Vivência Rural, a Rota da Conexão com a Natureza e a Rota das Percepções Naturais e Culturais (cênica/paisagística). Esta última recebeu maior detalhamento, com ênfase na relação com o relevo e propostas de intervenções pontuais, ilustradas por meio de colagens representativas. Agudo destaca-se por sua herança cultural da colonização alemã e por suas riquezas naturais, que lhe conferiram o título de “Berço Nacional dos Dinossauros” e o selo de Geoparque da Quarta Colônia pela UNESCO em 2023. Este trabalho busca conectar as comunidades locais ao turismo, fortalecer a economia, promover a sustentabilidade e preservar o patrimônio ambiental e cultural do município, reconhecendo seu significativo potencial turístico.

Parecer do júri

Apesar de não ter sido o trabalho selecionado, essa proposta se ocupa de um complexo e importante diagnóstico do território, com articulação regional e que reúne informações geofísicas, aspectos culturais e participação da comunidade. A representação gráfi ca e a análise dos mapas produzidos nesse processo são primorosos e de grande relevância no entendimento da paisagem e orientam, assim como fortalecem, as soluções propostas. As rotas turísticas apresentadas recorrem à valorização de aspectos históricos, de sustentação econômica, de percepção da paisagem e de sua estrutura físico-ambiental, de maneira a promover a conexão “comunidade + natureza”.

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