OBSERVATÓRIO E REFÚGIO AMBIENTAL RESERVA DO LAMI

OBSERVATÓRIO E REFÚGIO AMBIENTAL RESERVA DO LAMI

No panorama contemporâneo, temas emergentes como a crise ambiental, os graves problemas sociais decorrentes de sucessivas crises econômicas, intolerâncias e radicalismos de toda ordem, em especial em relação às minorias étnicas e pluralidade de gênero, entre outras causas igualmente relevantes, recheiam o centro das preocupações da sociedade e no campo do ensino da arquitetura, predominam na atenção dos estudantes. Problematizações formuladas pelos graduandos em seus TCCS, neste âmbito são frequentes.

A Arquitetura e o Urbanismo, naturalmente sensíveis a este contexto, se coaduna com diversas áreas do conhecimento como a ecologia, a economia, a antropologia, entre outras, para cumprir sua função social e cultural. No entanto, além desta responsabilidade enquanto conhecimento universal e a necessária contribuição para a cidadania, as especificidades técnicas e artísticas da Arquitetura e do Urbanismo, através do projeto, igualmente trazem aporte indispensável ao enfrentamento destas questões, condição nem sempre entendida completamente pelos próprios arquitetos e urbanistas.

O autor, em seu TCC, desde a problematização, fundamentação e desenvolvimento do projeto, transitou pelas diversas áreas de conhecimento envolvidas, abordando a interdisciplinaridade necessária à prática da arquitetura e do urbanismo neste caso, sem perder de vista, no entanto, a convergência em direção ao seu principal instrumento de contribuição profissional: o projeto. Desta maneira formulou uma resposta projetual ao problema específico, que muito além de revestir seu trabalho de excelência arquitetônica, logra retroalimentar os conhecimentos gerais além de servir de referência para outros projetos.

Para o caso em questão, a proposta de Refúgio e Reserva Ambiental LAMI, para área ambiental sensível na região metropolitana de Porto Alegre, próxima ao encontro do estuário Guaíba, com a Lagoa dos Patos – um dos maiores sistemas lacustres do mundo, envolvendo uma bacia hidrográfica de aproximadamente 60% do Estado do Rio Grande do Sul – redunda em uma série de estratégias de preservação associadas a pesquisa e a educação ambiental, que se manifestam através de delicado e sofisticado sistema espacial. Circulação e arquitetura “pavilhonar”, sobre palafitas, organizadas em forma de pente, pairam e se mesclam sobre e com o ambiente natural, de maneira respeitosa e elegante. Sem pretender protagonismos formais, o projeto, de maneira simples, se dedica às macro questões envolvidas, por uma lado, e as especificidades técnicas e detalhes arquitetônicos de outro, perfazendo um todo equilibrado e sofisticado.

Desta maneira o autor se esquiva da armadilha frequente, de acreditar que a nobreza da causa é suficiente para compensar eventuais fragilidades de projeto, e apresenta uma equação de conceitos e propostas espaciais consequentes, nem sempre presentes nos inflamados discursos contemporâneos, que muitas vezes não conectam conteúdo com forma.

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