MANDUÀ – Centro Comunitário Mbya` Guarani
A comunidade da Aldeia Tekoa Koenju, localizada no interior de São Miguel das Missões – RS, tem uma demanda que a anos vem sendo debate para construção: Um Centro Comunitário! A ideia é, que através do próprio ofício da cultura étnica desse povo, este espaço ajude na geração de renda dessas famílias Guarani. (Aprox. 120 indígenas | 43 famílias). Hoje, eles não possuem um espaço viável para apoio das vendas dos seus artesanatos (principal fonte de renda da aldeia), e se deslocam diariamente cerca de 40 minutos da Terra Indígena de Inhacapetum (Aldeia) até o Museu das Missões, para vender suas peças aos turistas. Inclusão, visibilidade e educação étnica, a proposta busca obter uma visão mais igualitária dessa comunidade indígena expondo a importância desse povo na relação histórica do município, assim, abrindo as portas para que ela se insira na rota turística missioneira e possa manter viva sua rica gastronomia não explorada, e resgatar tradições medicinais e de oficio através desse espaço criado.
A temática indígena é envolta de preconceito e estereótipos ainda não desmitificados, além de políticas públicas precárias quando relacionadas a povos originários. Segundo o IBGE existem cerca de 305 diferentes etnias indígenas no Brasil, sendo 30 comunidades Mbya Guarani no estado do Rio Grande do Sul. Foram os índios guarani que introduziram a horticultura no estado, porém, possuem sua importância diminuída em locais de pertencimento histórico e identitário.
A proposta lançada em São Miguel das Missões, visa trazer 2 setores principais que “abraça’’ o programa de necessidades: Setor Gastronômico e Setor Educacional. Se dividindo em espaços pensados para um uso da comunidade ativa diariamente, com ou sem os turistas visitando o local. O Centro comunitário comtempla as seguintes áreas: Salão de eventos, refeitório e oficina de alimentos com horta, oficina de artesanato, hall de entrada cosmológico, sala de reuniões comunitárias, plataforma expositiva externa, palco externo plano, fogo de chão, labirinto infantil e espaço de arco e flecha. O paisagismo traz espaços de estar passivo e ativo, como o jardim dos jerivás e a quadra de esportes.
A realidade na aldeia é precária, as casas construídas pelo poder público (“Casa dos brancos – Juruá’’) demandam de manutenções de mãos de obra especializada da qual não fazem parte dos conhecimentos e técnicas dos Mbya guarani, o que deixa a comunidade a espera de reformas e matéria prima. Pois isso, optou-se pelo uso de materiais e técnicas conhecidas pelos indígenas e que fossem de fácil manutenção, adaptação e baixo custo, evocando o senso de pertencimento através de matéria prima extraída da própria natureza, propiciando que a própria comunidade trabalhe na construção do Centro.
Premissas como sustentabilidade, respeito étnico e cultural, diálogo com a espiritualidade e crenças Mbya, valorização estética, funcionalidade e fluxos, foram pautados juntamente com estratégias projetuais pertinentes ao local de implantação. Mitos e grafismos foram abordados como forma de manifesto individual da etnia, marcando sua identidade no projeto.
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