.kaza SOROR – Abrigo para mulheres vítimas de violência doméstica

O projeto em questão é destinado à um abrigo para mulheres vítimas de violência doméstica e tem como objetivo oferecer um atendimento mais sensível e humanizado às vítimas. Para isso, foi organizado um programa de necessidades que traduza esses preceitos. A ideia é, além de abrigo físico, oferecer abrigo emocional. O espaço conta com salas de lazer coletivo e privado, tanto para as mulheres quanto para seus possíveis filhos, pet space, lavanderia, cozinha industrial e cozinha de uso específico das abrigadas, refeitório, salas de oficinas, dormitórios com banheiros privativos, terraços, pátio externo voltado ao lazer e atividades lúdicas, atendimento com psicóloga, advogado e closet de apoio.
Com um terreno estreito e linear, ladeado por construções no limite do lote e inserido na zona urbana da cidade, uma das principais preocupações e que se tornou a diretriz central desse projeto é a questão do conforto ambiental em todas as suas variáveis. Por isso, houve o aproveitamento dos condicionantes naturais desde o partido do projeto. Separação dos espaços de acordo com o uso e orientação solar, cuidado com os ventos predominantes no local, orientação e dimensão dos átrios para serem mais eficientes, aberturas laterais e/ou zenitais, visando a iluminação e ventilação natural em todos os cômodos, disposição de placas solares camufladas da visual do observador e recolhimento de água da chuva.
Tendo em vista que a cultura da violência contra a mulher e a desigualdade de gênero é uma realidade, é de suma importância que existam cada vez mais centros de oportunidades, capacitação e acolhimento para vítimas de violência doméstica. Ao analisar o cenário brasileiro de políticas públicas, percebe-se que a maioria das edificações públicas utilizadas para o atendimento ao cidadão não são adequadas. O presente projeto tem como base utilizar a arquitetura para mudar esse panorama e passar a proporcionar um atendimento mais humanizado, sensível e adequado para a recuperação das vítimas, além de contribuir para a reinserção na sociedade, reconstrução da cidadania, resgate da autoestima e empoderamento dessas mulheres.
Como a localização do abrigo é de cunho sigiloso, a integração com o entorno foi feita de forma a se camuflar nele, não sendo visível no nível da calçada. Por conta disso, o design externo é mais discreto. Conta com uma pré-existência que, entre outras coisas, serve como barreira visual para o restante do projeto. A proximidade com instituições importantes, como a Delegacia da Polícia Civil, e linhas de ônibus da cidade, juntamente com a presença da pré-existência são os principais motivos para a escolha do terreno.
A volumetria da nova edificação é formada por linhas retas e recuos que dão ritmo a fachada. A utilização do bloco de concreto estrutural aparente externamente remete a sensação de segurança que o espaço deve proporcionar aos seus ocupantes, enquanto internamente o design é aconchegante e leve, por conta da materialidade e iluminação, gerando um contraste que reforça a necessidade do espaço: segurança e acolhimento.

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