INTERVENÇÃO NA ANTIGA SEDE DA COTRIJUÍ – IJUÍ/RS: MERCADO PÚBLICO E CENTRO GASTRONÔMICO

INTERVENÇÃO NA ANTIGA SEDE DA COTRIJUÍ – IJUÍ/RS
MERCADO PÚBLÍCO E CENTRO GASTRONÔMICO

Com embasamento na falta de preservação do patrimônio edificado de valor histórico e cultural do município de Ijuí-RS, o presente trabalho se estabeleceu com o objetivo de desenvolver alternativas para suprir esta falha, utilizando como principal elemento a proposta de intervenção na primeira sede da COTRIJUÍ– Cooperativa Agropecuária & Industrial, contemplando atuais usos para a mesma, visando o fortalecimento do comércio local e da cultura, por meio da gastronomia. Apresenta caráter comunitário, intrinsecamente ligado ao histórico e cultura ijuiense, onde a população terá mais um amplo espaço para a realização de trocas comerciais e sociais. Tem como objetivo fomentar o turismo regional, servindo como um atrativo para o município, possibilitando a degustação de pratos típicos das diversas etnias que colonizaram a cidade, fortalecendo ainda mais o ideal de Ijuí como polo das culturas diversificadas.
A edificação em estudo foi construída no ano de 1964, com o objetivo de ser a primeira sede própria da COTRIJUI, fundada em 20 de julho de 1957. Também conhecida como COTRIDATA, teve um importante papel no desenvolvimento do setor de TI no município, pois a cooperativa na década de 70 era a maior da América Latina e possuía uma grande necessidade de armazenamento e processamento de dados. O estado atual da pré-existência é de total abandono, sendo notável marcas de uso indevido como invasões e depredações, apresenta um potencial risco para os frequentadores do entorno local, devido à falta de segurança.
O ideal de “Troca” adotado como conceito, nada mais é do que uma desconstrução das atividades de comércio, onde nos primórdios das civilizações a população literalmente trocava os excedentes produzidos em sua comunidade. O mercado público além de relações comerciais aborda significantes temáticas sociais, com forte relação interpessoal e cunho comunitário, onde o contato humano é direto, servindo como plano para a troca de mercadorias em atividades comerciais e fomentando trocas culturais, sociais e de sentimentos, dentre eles os de identidade, pertencimento e reciprocidade coletiva. De caráter funcional, o conceito se aplica por meio da culinária típica e produtos regionais, onde por meio da gastronomia os frequentadores terão acesso as derivadas trocas culturais que ocorreram entre as etnias que coexistem dentro do município, expressas por meio de receitas que transpassam gerações, ingredientes utilizados e maneiras de preparo alimentar.
No aspecto arquitetônico, as trocas representam a identidade, estilo e a idade das edificações em constante contato, sendo a parte pré-existente de valor histórico e cultural o principal foco, que irá dialogar com as intervenções aplicadas para assegurar o uso proposto. Por meio da troca estas edificações serão distinguidas, onde o contemporâneo se relaciona com o histórico, literalmente trocando informações sobre materialidade, forma e função. De maneira simples e lúdica, estas duas partes edificadas dentro do mesmo lote estarão em constante troca, principalmente em parâmetro temporal, fortalecendo o exercício da valorização do patrimônio edificado do município e o sentimento de pertencimento e identidade local.

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