Fazenda Urbana Vertical

Fazenda Urbana Vertical

A agricultura tradicional ocupa grandes extensões de terras rurais e muitas vezes visa a quantidade acima da qualidade. Paralelo, vemos diversos benefícios de um adensamento urbano. Nesse cenário, busca-se conter a dispersão e aproximar a agricultura da cidade.

A arquitetura absorve as mudanças sociais e se adapta ao ritmo que a sociedade compõe; no entanto, tem a capacidade de sugerir novos caminhos, adequando o ponto de vista social e colaborando na redução do impacto humano.

Para proposta, foi escolhido o bairro cidade baixa,Porto Alegre – BR. A avenida garante bom fluxo, o entorno conta com um largo importante, restaurantes e escolas, mostrando possuir de bom público para acolher o projeto.

A arquitetura se desenvolve no uso dos recursos naturais. O projeto possui um bloco que reúne duas casas inativas, respeitando o entorno histórico. Esse volume é elevado do solo convidando o pedestre a adentrar.

O bloco Eco Educativo conta com agendamento de visitas, restaurante orgânico, salas para oficinas e administração. Há também espaço interno ao ar livre para feira orgânica. Já, o complexo de produção é um conjunto de blocos sobrepostos, retornando como faces maiores à luz do sol. Assim, os blocos caminham em ziguezague escalonado propondo fluidez e insolação.

A logística foi priorizada para qualificar a operação. Uma doca é destinada à chegada de insumos, é realizada a seleção e; sendo sementes, segue para o último andar, onde o fluxo segue gravitacionalmente. As sementes vão para a germinação, evoluídas segue a produção, colhidas para limpeza, controle de qualidade e embalagem que enviam para o restaurante orgânico local, distribuidores parceiros ou delivery.

Nos desníveis, terraços ativos são criados com aeroponia. Há um sistema de tubos perfurados com água vaporizada, nutrindo as plantas. Os tubos possuem hastes que lembram pétalas, com dinamismo e sombreamento nas hortaliças. Internamente, o cultivo é hidropônico, prateleiras dispostas para melhor aproveitamento solar. Utilizou-se hidroponia e aeroponia, métodos eficientes, leves, livres de agrotóxicos e econômicos no uso da água.

Comprometido com a sustentabilidade, utilizou-se estratégias bioclimáticas: painéis solares; recolhimento de água da chuva, reserva e reutilização; inserido um sistema de nebulização para umidade adequada ao cultivo; explorado a ventilação cruzada e uso de vidro duplo para reter adentrar apenas a luz natural, além de compoteiras para o ciclo fechado da produção.
O espaço da feira é versátil com sistema de rotação de painéis que reservam móveis no subsolo. Na materialidade há fachada ventilada em tela metálica tensionada. Na escada e na fachada frontal, são utilizados painéis de aço corten perfurado.

Com esse estudo, nota-se que é possível diminuir distancias entre colheita e consumo, garantindo produtos frescos e reduzindo gastos de transportes e emissão de CO2; promover um espaço de formação conscientização, geração de empregos e reafirmar o respeito ao cultivo. A proposta é também uma tomada de senso social de que estamos carentes de espaços saudáveis e que podemos alinhar a arquitetura a um raciocínio ecológico provendo um respiro, um produto e uma transformação do consumo, incentivando um desenvolvimento saudável.

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