A pesca artesanal desempenha um papel fundamental na subsistência de comunidades costeiras em todo o mundo, sendo, muitas vezes, sua principal fonte de renda. No entanto, os pescadores enfrentam uma série de desafios, como a falta de acesso a recursos e infraestrutura adequada, a baixa remuneração, a degradação do habitat, o esgotamento dos recursos pesqueiros e a concorrência desleal com a pesca industrial. Essas dificuldades ameaçam a continuidade dessa atividade tradicional, além de impactarem negativamente a renda e o bem-estar das famílias envolvidas.
O presente trabalho propõe a criação de uma cooperativa de pescadores como instrumento de transformação social, econômica e cultural em uma comunidade de pescadores localizada na cidade de São Jerônimo, no Rio Grande do Sul, cuja realidade é semelhante à descrita. A Vila dos Pescadores está situada próxima às margens do Rio Jacuí, em uma região privilegiada, sendo muito próxima ao centro da cidade, com facilidade de acessos e serviços. No entanto, apesar da localização privilegiada, a comunidade é caracterizada pela presença de muitas famílias em situação de vulnerabilidade social e ambiental.
Por esse motivo, o projeto busca estabelecer uma conexão não apenas com os pescadores locais, mas também com a comunidade em geral. Além disso, visa promover a pesca sustentável, melhorar as condições de vida dos pescadores, preservar a cultura local, impulsionar o desenvolvimento socioeconômico da comunidade e garantir a continuidade da atividade pesqueira. A cooperativa pretende atuar como representante dos pescadores, fortalecer relações comerciais, oferecer capacitação e oportunidades de trabalho e preservar as tradições culturais relacionadas à pesca e à culinária.
O projeto tem como objetivo resgatar, por meio da arquitetura, a tradição de comunidades que vivem da pesca artesanal. Pretende-se proporcionar um ambiente adequado para o desenvolvimento da atividade, oferecendo assistência e promovendo a capacitação dos pescadores e de seus familiares. O projeto da cooperativa é estruturado em quatro núcleos principais: captura e cultivo do pescado; processamento e beneficiamento; comercialização; e, por fim, capacitação e desenvolvimento da comunidade pesqueira.
Dessa forma, a ideia é que a cooperativa seja projetada de maneira a respeitar o fluxo de trabalho, criando um circuito eficiente que proporcione ambientes humanizados, agradáveis, sustentáveis e em harmonia com a natureza.